São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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Cai fluxo de refugiados para Ruanda

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O fluxo de refugiados hutus que regressam a Ruanda diminuiu sensivelmente ontem. A ONU calcula que, até ontem, 500 mil pessoas tenham cruzado a fronteira de Ruanda com o Zaire.
"O êxodo está acabando. Estes são os desgarrados", disse um funcionário do Unicef (fundo da ONU para a infância), ao observar a passagem de refugiados hutus em direção a Ruanda.
Rebeldes tutsis disseram a funcionários da ONU que planejam abrir um novo corredor, no extremo sul da fronteira ruandesa, para a saída de refugiados que estão na região de Bukavu.
Acredita-se que haja 500 mil refugiados na área. "Os refugiados estão espalhados por toda a parte. Não sabemos onde eles estão", disse Fernando del Mundo, porta-voz da ONU.
O êxodo de refugiados hutus de volta para Ruanda começou na última sexta-feira. Rebeldes tutsis atracaram milicianos hutus e antigos membros do Exército de Ruanda no campo de Mugunga.
Os militares hutus, que impediam o retorno dos refugiados, foram obrigados a fugir.
A volta dos refugiados provocou recuo do Ocidente em relação ao despacho de uma força internacional. A reunião para decidir sobre o futuro da missão, que ocorreria amanhã, foi adiada para quinta. O Canadá, que lidera a força, disse que ela pode ser substituída por unidades de ajuda humanitária.
O encontro acontecerá nas instalações militares dos EUA em Stuttgart, no sul da Alemanha.
A participação dos Estados Unidos na missão ainda não é certa. França, Reino Unido e Espanha querem que as tropas sigam para Ruanda, mas com objetivos mais limitados.
O governo de Ruanda, que tem facilitado a volta dos refugiados, já declarou que a força não é mais necessária.
A ONU lançou ontem um apelo de emergência para obter US$ 260 milhões com o objetivo de financiar operações de ajuda humanitária no Zaire e em Ruanda.
Vários problemas devem surgir com a volta dos refugiados.
Muitas casas pertencentes a refugiados foram ocupadas por tutsis -800 mil deles voltaram para Ruanda com a vitória da etnia na guerra civil.
Os refugiados também vão precisar de ferramentas e sementes para retomar suas atividades agrícolas. Muitos também necessitarão de proteção para evitar que sofram represálias de tutsis.
Diplomatas prevêem um aumento no número de detenções. Pelo menos 90 mil hutus acusados de genocídio já estão em cadeias superlotadas.

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