São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 1996
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A NOVA FASE DA ABERTURA

Desde o final da década passada tem ocorrido um processo notável de liberalização comercial no Brasil e na América Latina. Especialmente no caso brasileiro, houve uma nítida opção pela liberalização unilateral, ou seja, sem exigir compensações ou concessões dos parceiros comerciais enquanto a abertura se aprofundava.
Essa unilateralidade era justificada. A economia brasileira vinha de um processo longo de exaustão da substituição de importações. O último surto substitutivo, ocorrido na segunda metade dos anos 70, amparado em forte endividamento externo, deixara como herança aspectos positivos, como um adensamento da estrutura industrial. Lamentavelmente, isso ocorreu exatamente quando no mundo desenvolvido ocorria uma mudança de paradigma tecnológico.
A liberalização comercial e, de modo geral, o abandono rápido do modelo protecionista, industrializador e substitutivo tornaram-se questões de vida e morte para a economia brasileira. Era impensável crescer, à parte as questões fiscais e monetárias, sem incorporar de forma intensiva os mais recentes avanços tecnológicos. Esse processo de modernização, aliás, ainda está em curso.
Ainda assim, seria ingenuidade acreditar que o abandono do modelo substitutivo e a mudança na estrutura industrial brasileira fossem processos lineares, com resultados previsíveis. Passados 25 anos de crise do modelo protecionista, o aprendizado continua, e as opções são variadas.
O governo brasileiro parece convencido de que passou a fase de correção do desvio protecionista. Surge a percepção de que a continuidade da liberalização comercial exigirá uma postura mais agressiva em foros internacionais, cobrando reciprocidade e buscando ampliar os mercados externos para produtos brasileiros.
Agora espera-se dos parceiros comerciais não a cobrança de uma abertura maior no Brasil, mas sim maior reciprocidade. Mas cabe ressaltar, agora que uma estratégia menos passiva é anunciada, que o maior erro seria reverter a abertura. Uma nova fase, sim. Retrocesso, nunca.

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