São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996
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Pré-candidatos à presidência da Câmara atacam reeleição

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os pré-candidatos do PPB à presidência da Câmara dos Deputados, Prisco Viana (BA) e Delfim Netto (SP), entram na disputa com um objetivo claro: bombardear o projeto de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Prisco afirma que FHC está seguindo uma tendência política do subcontinente.
"A cultura latino-americana é o sujeito a se perpetuar no poder. Sempre houve essa continuidade com as ditaduras. Agora, querem fazer com a reeleição."
O deputado afirma que "a reeleição não é política de governo. Envolve interesse político. Só que o presidente tem o dele, e cada partido tem o seu".
Capitanias hereditárias
Delfim afirma que o projeto de reeleição de FHC lembra o modelo de sucessão que prevalece na Câmara dos Deputados.
"Aqui, meia dúzia se repete e se sucede no poder. É como a reeleição: vai perpetuar as capitanias hereditárias".
Ele critica a conduta do presidente da República: "Todos imaginavam que as prioridades fossem as reformas. Mas o presidente definiu que a prioridade nacional é a sua reeleição."
A independência em relação ao Executivo é o principal ponto da proposta de Delfim.
"O que vemos aqui é uma submissão escandalosa dos partidos ao governo. A Câmara precisa de independência."
A candidatura do PPB à presidência da Câmara foi decidida em reunião da cúpula do partido, anteontem, em São Paulo, sob a liderança do prefeito da capital paulista, Paulo Maluf.
O presidente nacional do partido, senador Esperidião Amin (SC), tem uma explicação para a candidatura: "O partido cresceu nesta eleição. E não foi voto de grotões, voto de governo. O mínimo que o partido tem que fazer é honrar esse voto."
Força política
O líder do partido na Câmara, Odelmo Leão (MG), apoiou a idéia.
"Vamos mostrar que não estávamos brincando de fazer partido. Vamos entrar com força na disputa pela presidência. A nossa intenção é consolidar o PPB como força política".
Delfim afirma que o PPB "tem a mesma dimensão de outros partidos", mas não tem espaço na Casa, como relatorias e presidências de comissões importantes.
"Temos dois partidos que se consideram proprietários do Congresso", disse Delfim.
O candidato do PPB será escolhido pela bancada. Prisco confirma que é candidato: "Estou articulando isso há seis meses."
Já Delfim é mais evasivo: "O meu candidato é o Prisco. Mas, se a bancada escolher o meu nome, será um grande orgulho."

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