São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ministério da Saúde manda especialistas ao CE

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Saúde enviará dois especialistas em neonatologia para investigar as mortes de 49 bebês ocorridas em novembro na maternidade Assis Chateaubriand, em Fortaleza (Ceará).
A média da mortalidade de recém-nascidos na maternidade -que faz 40 partos por dia- é de 50 óbitos por mês. A Assis Chateaubriand pertence à UFCE (Universidade Federal do Ceará).
Segundo Ana Goretti, coordenadora do Programa de Saúde da Criança do ministério, essa média é alta porque a maternidade é especializada em partos de alto risco.
"São partos em que as chances de sobrevivência não são grandes", afirma Goretti. A equipe do Ministério da Saúde será formada por Goretti e uma médica especializada em partos de prematuros.
O secretário da Saúde do Ceará, Anastácio Queiróz, está levantando os atestados de óbito para saber quantos bebês morreram de fato em decorrência de infecção.
"Como a média de mortes em novembro está bem acima do normal, tudo indica que houve infecção. Mas não vamos nos pronunciar antes do relatório final de Queiróz", disse Goretti.
Ela advertiu que as mortes podem ter aumentado em Fortaleza porque nasceram muitos bebês com anomalias congênitas ou com condições gerais muito delicadas.
"Em Niterói (RJ), houve o mesmo tipo de denúncia e ficou comprovado que só um bebê havia morrido por infecção."
Se ficar comprovado que os bebês morreram por causa de infecção hospitalar, a superlotação será apontada como a principal causa.
A maternidade tem capacidade para atender 60 recém-nascidos, mas há pelo menos 120 internados.
Outro problema é a falta de qualidade do pré-natal e dos serviços de parto. Segundo dados do ministério, 57% da mortalidade infantil no Ceará é causada por mortes de recém-nascidos.
Segundo pesquisa do Ministério da Saúde, bebês internados em UTIs neonatais são os mais suscetíveis às infecções (46,9%), seguidos por pacientes internados em unidades de queimados (38,2%) e na UTI pediátrica (32,9%).
Foram pesquisados 103 hospitais públicos e privados nas capitais. A taxa geral de infecção nos hospitais brasileiros (13%) é considerada "aceitável", mas a frequência das infecções nas UTIs neonatais foi considerada 20% mais alta do que o esperado.

Texto Anterior: Morte de bebês cresce em maternidade
Próximo Texto: Remédios de RR são analisados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.