São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996
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Missão americana ao Zaire será reduzida

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O governo dos EUA resolveu reduzir de maneira drástica a missão militar que havia programado para ajudar refugiados na região entre Zaire e Ruanda, na África.
A decisão, que ainda não é oficial, foi justificada pelo comando das Forças Armadas dos EUA, o Pentágono, pelo deslocamento esta semana, de cerca de 500 mil pessoas do Zaire de volta a Ruanda.
Segundo o Pentágono, a nova situação elimina a necessidade de tropas de combate dos EUA na região. De até 5.500 soldados que os EUA pretendiam despachar para a África, talvez apenas 300 sejam considerados necessários, de acordo com as avaliações do comando militar norte-americano.
Representantes diplomáticos e militares de 12 países envolvidos na ajuda aos refugiados de Ruanda vão se reunir amanhã em Stuttgart, Alemanha, para definir a participação de cada um no esforço. Só depois desse encontro e do aval do presidente Bill Clinton, que se encontra em viagem à Ásia, a decisão sobre a dimensão da ajuda dos EUA será anunciada.
A intenção atual do Pentágono é reduzir o papel dos EUA ao fornecimento de aviões para que se estabeleça uma ponte aérea para o transporte de comida, medicamentos e roupas para os refugiados e à presença de pessoal técnico para planejar o trabalho de infra-estrutura.
O governo do Canadá se ofereceu para liderar o esforço militar de ajuda aos refugiados de Ruanda. O dos EUA anunciou que apoiaria o projeto, mas sem definir como. O presidente Bill Clinton fez vagos comentários sobre a presença dos EUA no programa. Antes, os EUA haviam respondido com cautela à iniciativa de países europeus para intervir no caso.
Alguns observadores da situação em Ruanda acham que, apesar do retorno de quase 500 mil refugiados, ainda há pelo menos outros tantos no Zaire em risco de serem mortos em conflitos étnicos.
As imagens de crianças e adultos famintos na fronteira entre Zaire e Ruanda continuam inundando as emissoras de TV dos EUA. A resposta da opinião pública a essa exibição em massa do problema tem sido forte, e esse é o principal motivo por que Clinton resolveu intervir. Mas seus assessores militares continuam achando a missão arriscada demais e preferem o mínimo comprometimento possível.
A Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional disse que vai destinar US$ 140 milhões para ajudar os refugiados. O Departamento de Estado vai contribuir com US$ 30 milhões para o fundo do Alto Comissariado da ONU para Refugiados.

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