São Paulo, quarta-feira, 20 de novembro de 1996 |
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DESTEMPEROS VERBAIS No dia em que era acusado no STF de calúnia, injúria e difamação por Paulo Maluf, o ministro Sérgio Motta voltou a dirigir-se ao prefeito paulistano com ataques em que sobraram adjetivos pejorativos. Foi mais um episódio de uma guerra verbal, por vezes alimentada pelo prefeito. Durante a corrida pela Prefeitura de São Paulo, não foram poucos os momentos em que o ministro das Comunicações vociferou ataques pessoais contra adversários políticos. Sérgio Motta chegou a ser repreendido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, mas somente quando a ofensa foi à então candidata petista Luiza Erundina, vítima de inadmissível grosseria por parte de Motta. Quando o alvo foi Maluf, a Presidência da República optou pelo silêncio, deixando que o ministro travasse sua batalha pessoal com o prefeito. Maluf contribuiu para incentivar a troca de ofensas, mesmo que não fosse o emissário direto. O deputado federal Delfim Netto (PPB), em defesa do prefeito, lançou o verbo "mottar" durante uma entrevista. O verbo -de inspiração puramente provocativa- significaria, segundo o deputado, liberar informações ao mercado para colher benefícios pessoais. Passadas as eleições, o ministro afirma que Maluf mostra "a hiena que ele é". Trata-se de um bate-boca inaceitável, ainda que o maior quinhão sem dúvida tenha ficado para o ministro. Os dois deveriam, entretanto, em vez de fomentar contendas verbais, empenhar-se em elevar o nível do debate político. Se ambos têm reciprocamente denúncias relevantes, deveriam remetê-las aos órgãos competentes. Os recentes ataques, que têm como pano de fundo a disputa presidencial de 98, não favorecem em nada o diálogo político civilizado. O grau de maturidade que se espera da democracia brasileira não comporta destemperos verbais dessa natureza. Texto Anterior: O DESAFIO AGRÁRIO Próximo Texto: FIDEL, FIEL? Índice |
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