São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996
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Maluf diz que emenda não vai passar

KENNEDY ALENCAR
EDITOR DO PAINEL

Paulo Maluf prevê: "A emenda da reeleição não passa no Congresso". O prefeito de São Paulo detonou nesta semana, pendurado ao telefone, uma espécie de "pesquisa informal".
"A reeleição naufragará porque, quando você tem cinco equações com cinco incógnitas diferentes, demora-se um ano para que a solução seja dada por métodos convencionais", afirma Maluf.
O engenheiro Maluf continua: "Como não se poderá usar um supercomputador na reeleição, ou seja, métodos 'anticonvencionais', ela não será aprovada".
As incógnitas, para Maluf, são:
1) Oitenta e sete parlamentares que perderam, diretamente ou não, as eleições municipais. "Você acha que vão votar a favor dos inimigos locais?", pergunta Maluf.
2) Câmara - O PMDB tem três candidatos à presidência da Casa (Michel Temer, Luiz Carlos Santos e Paes de Andrade). Nenhum com as chances que teria Inocêncio Oliveira (PFL), excluído para facilitar a candidatura de ACM no Senado.
3) Senado - O prefeito apóia a candidatura ACM no Senado, mas acha que os peemedebistas Íris Rezende e Jader Barbalho azucrinarão a vida de FHC, trabalhando contra junto a deputados.
4) Pressão dos preteridos - Os malufistas acreditam que não haverá vagas em número suficiente no ministério para agradar aos muitos que sobrarão no jogo das sucessões da Câmara e Senado. E os parlamentares farão a tradicional pressão por benefícios.
Na contabilidade do prefeito, o governo conta apenas com 200 votos garantidos na Câmara. Avalia que FHC poderia obter no máximo 60, mas usando um "supercomputador" (leia-se barganha).
Reservadamente, interlocutores de Maluf dizem que ele sabe que o Planalto pode recorrer a um "supercomputador". Só isso já bastaria, na análise de caciques do PPB, para carimbar a reeleição como uma manobra fisiológica.
5) Maluf - Vitaminado pela recente resultado eleitoral do PPB, o prefeito trabalha para seu partido votar contra e exigir o plebiscito.
Políticos ouviram o seguinte do prefeito nesta semana: "O presidente terá de dar a alma para aprovar a reeleição".
Maluf tem ligado e recebido telefonemas de congressistas do PPB, PTB, PFL, PL e PMDB. Trata de reeleição e da candidatura do pepebista Delfim Netto (SP) à presidência da Câmara. No domingo, por exemplo, foi até Goiânia falar com o líder do PTB, Pedrinho Abrão (GO). Quer uma aliança com os petebistas na Câmara.
Auxiliares do prefeito contabilizam que ele tenha falado com cerca de 50 parlamentares por dia desde segunda. Dos 90 deputados do PPB, conversou com 75. Diz que 70 "votariam a favor apenas para o próximo presidente."
Na próxima terça, Maluf deve comparecer a um coquetel do partido na Academia de Tênis, em Brasília. Articulará a candidatura de Delfim na Câmara e trabalhará contra a reeleição de FHC.
Ao ser perguntado sobre o esperado anúncio oficial da candidatura ao Planalto, Maluf segue um conselho que recebeu de Delfim.
"Os mineiros já ensinaram aos paulistas que, em política, você só anuncia uma decisão importante na última hora, quando ela não pode ser mais adiada", diz Delfim.

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