São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996
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Cidade Candidata

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Lembra a Copa de 94.
Chegam hoje os eleitores da sede dos Jogos Olímpicos e a cobertura da Globo não é mais jornalismo, mas aberta propaganda. Ou ufanismo, até xenofobia, em confusão com interesses comerciais.
Além de usar o selo oficial da Cidade Candidata como selo próprio, vai falando, como ontem:
- Uma organização exemplar aguarda os integrantes do Comitê Olímpico Internacional... A idéia é dar a melhor impressão possível...
Vão surgindo as "vantagens", qualificadas como tal, do Rio sobre todas as demais cidades. Desvantagem nenhuma.
- Nossa organização na Eco 92 deixou os estrangeiros impressionados.
Contra Roma:
- Nada de repetir sedes.
Contra Estocolmo:
- Mais da metade da população não deseja sequer a realização da Olimpíada na cidade.
(Aliás, é bom lembrar que os suecos não desejam porque vão ter que pagar, com mais impostos.)
A maior das "vantagens" é que a Olimpíada seria disputada, pela primeira vez, em uma única cidade. Mas não, logo vem a explicação de que canoagem vai para bem longe.
Não importa. Importa, como diz o coordenador de marketing da Rio 2004, a animação popular:
- Este projeto é tão grande e tão entusiasmado por parte da população que, faça chuva ou faça sol, é que nem Carnaval, é que nem futebol.
Não que a população tenha dado demonstração de conhecimento, quanto mais de interesse. Mas é preciso entusiasmar, insiste o marketeiro:
- Se não houver mobilização, manifestação popular, não há certeza, por parte dos membros da comissão de avaliação, de que os Jogos vão ser realizados com pleno êxito.
Então vamos lá, todos de bandeira, na Linha Vermelha. Foi o que ele pediu, na Globo News. E a Globo a convocar os tamborins. De uma carnavalesca Fátima Bernardes:
- O comitê está chegando!
*
FHC encontrou Jesse Jackson e disse que ele deixou uma lição.
- A luta pela afirmação de um grupo tem que ser encarada no sentido do reforço da nacionalidade.
É a lição americana, onde negros já falam em segregação e nação própria. Se chegou a tanto nos unidos Estados Unidos, aqui o risco é maior.

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