São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996
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Editora faz 10 anos com Chico Buarque

DA REPORTAGEM LOCAL

Em dez anos, 730 títulos editados e a transformação de um músico popular -Chico Buarque- e um humorista -Jô Soares- em escritores best sellers.
Para comemorar uma década de existência, a editora Companhia das Letras homenageia amanhã, em evento apenas para convidados, o historiador Sérgio Buarque de Hollanda, com o lançamento oficial de "O Espírito e a Letra", coletânea em dois volumes de textos do autor.
O evento, que acontece no auditório e no restaurante do Masp (Museu de Arte de São Paulo), contará com as presenças do professor Antonio Candido de Mello e Souza (que fará uma apresentação do trabalho de Sérgio Buarque) e Antonio Arnoni Prado -organizador de "O Espírito e a Letra".
A noite contará também com a presença do compositor Chico Buarque, que fará uma leitura de textos de seu pai.
No Masp será distribuído ainda, para os 500 convidados, um conto inédito do escritor Rubem Fonseca: "Uma História de Amor".
A lotação já está esgotada, mas em caso de desistência os ingressos serão distribuídos para os interessados, que devem fazer reservas amanhã, por telefone. Haverá ainda um telão para as pessoas que não conseguirem convites.
"O primeiro livro que chegou à editora foi 'Rumo à Estação Finlândia', de Edmund Wilson", diz o editor Luis Schwarcz, ao se recordar do primeiro ano da editora.
Em 1986 a Companhia chegava ao mercado com seus primeiros títulos, e a obra do americano Wilson tomava toda atenção.
A editora chegava então -na visão de alguns- para estabelecer novos padrões editoriais.
"Há um certo exagero ao imaginar que a Companhia trouxe algo de novo para mercado. Acho que apenas aprendemos com a experiência das outras editoras. Nada é essencialmente novo."
Schwarcz acrescenta ainda que um velho esquema não interessa a sua editora -o de Robin Hood.
"Nós sempre tivemos uma linha editorial clara, que procura uma equivalência entre qualidade editorial e sucesso comercial. Não optamos, como é mais comum, pela noção de que um título 'popular' de baixa qualidade possa financiar o autor de melhor qualidade."
Suas decepções com títulos ou autores, Schwarcz considera mais como pequenos aprendizados.
"Me lembro do livro de Susan Sontag 'A Aids e Suas Metáforas', em que acreditávamos muito, mas não funcionou."
Outro caso parecido foi "De Fato e Ficção", de Gore Vidal. O livro foi um best seller em sua primeira edição; com a vinda do autor ao Brasil, era esperado um verdadeiro "boom" de Vidal. "Mas a visita foi um desastre, a atividade mais desastrosa da gente, um festival de anedotas e enganos."
Para o próximo ano Schwarcz pretende uma ampliação de algumas áreas que notabilizaram a editora, como as biografias e as obras de tom acadêmico.
Em 1997 será editado o primeiro volume da "História da Vida Privada no Brasil", um projeto elaborado com historiadores brasileiros para contar, do ponto de vista do homem comum e seus hábitos, a história nacional.

Evento: O Espírito e a Letra
Onde: Museu de Arte de São Paulo - Masp (av. Paulista, 1.578)
Quando: amanhã, às 18h30 (coquetel para convidados) e às 20h (homenagem a Sérgio Buarque)
Entrada: só para convidados; ingressos excedentes serão fornecidos aos interessados (informações pelo tel. 011/866-0804)

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