São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 1996
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PRIMEIRO TESTE

As declarações de Fernando Henrique Cardoso de que suas ações no governo não seriam influenciadas pela emenda da reeleição, em discussão no Congresso, foram agora confirmadas no que pode ser considerado, no caso específico da reeleição, o primeiro grande teste para o presidente. Sua decisão de reformular a cobrança do Imposto Territorial Rural reforça o que FHC havia prometido. A medida merece ser aplaudida pela sua importância e pela determinação do presidente ao adotá-la no atual momento político do país.
Mas um segundo grande teste já se aproxima, envolvendo a privatização da Companhia Vale do Rio Doce.
Durante viagem ao Chile, dias atrás, Fernando Henrique Cardoso já havia confirmado sua clara determinação de privatizar a companhia. Entretanto, recentes declarações do presidente do Congresso, José Sarney (PMDB), sugerindo uma fácil aprovação da reeleição mediante o cancelamento da privatização da Vale, indicam que serão grandes as pressões para que o chefe do Executivo abra mão de seu programa para atender interesses de parlamentares.
A medida provisória que aumenta as alíquotas do ITR para as propriedades improdutivas recebeu -o que não chega a ser uma surpresa- críticas tanto do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) como da CNA (Confederação Nacional da Agricultura). Os sem-terra consideram a via fiscal insuficiente para fazer a reforma agrária, e os proprietários de terras obviamente são contra o aumento da carga tributária, particularmente no que diz respeito às propriedades improdutivas.
Contra tais posições e contra as pressões da influente bancada ruralista do Congresso, o presidente tomou, de forma corajosa, a decisão correta para atacar grande parte dos problemas agrários do país. É essa mesma determinação que se espera de Fernando Henrique Cardoso em relação à privatização da Vale. O país confia que FHC passe com os mesmos méritos nesse segundo teste.

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