São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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PF prende mais dois em Campo Grande

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Polícia Federal e a Procuradoria da República no Mato Grosso do Sul prenderam ontem mais duas pessoas acusadas de negociar votos no segundo turno das eleições em Campo Grande (MS).
Com essas prisões sobe para cinco o número de detidos acusados de fraude em favor do prefeito eleito André Puccinelli (PMDB), que venceu por apenas 411 votos de diferença sobre o adversário, José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT.
Ontem, depois de ter recebido uma denúncia anônima, o procurador da República no Mato Grosso do Sul, Paulo Thadeu Gomes da Silva, prendeu em flagrante Odraila Pinto Machado, acusada de estar desembolsando R$ 80,00 como pagamento de 50% de quatro votos da família de Lúcia Torres.
Lúcia Torres também foi presa, já que vender o voto é crime eleitoral similar ao de comprar o voto. Ela afirmou em depoimento ao delegado da PF Erivaldo Elias que foi procurada por Odraila para vender seu voto por R$ 40,00 para o então candidato peemedebista.
Odraila Machado disse aos agentes da Polícia Federal que a proposta para que ela intermediasse a compra de votos foi feita, por telefone, por um homem que se dizia integrante de comitê de André Puccinelli.
Anulação
Zeca do PT está pedindo judicialmente a anulação do segundo turno alegando fraude.
Tanto Odraila Machado quanto Lúcia Torres estão sendo acusadas de terem cometido crime eleitoral previsto no artigo 299 da lei 4.737 de 1965, que prevê pena de quatro anos de prisão para quem estiver comprando ou vendendo votos.
Apesar de ser crime inafiançável, um juiz pode decidir pela liberdade dos acusados até o final do julgamento. O artigo 299 diz:
"É crime oferecer, prometer, solicitar ou receber para si ou outrem dinheiro, dádiva, ou qualquer vantagem para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja feita."
As duas mulheres presas não tinham conseguido a liberdade até o fechamento desta edição.
O mesmo aconteceu com Ivan de Araújo e Cláudio Santos Martins, que foram indiciados anteontem pela PF acusados pelo mesmo crime, após terem sido presos com R$ 1.900,00, em cédulas de R$ 10,00, agrupadas de duas em duas.
O terceiro preso, José Alberto Ujacov, ganhou liberdade ontem, concedida pela Justiça.
Segundo o inquérito da PF, conforme cópia obtida pela Agência Folha, os três cabos eleitorais estariam entregando R$ 20,00 para 34 estudantes, como forma de pagamento por terem votado no peemedebista Puccinelli.

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