São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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Motta tentará comprovar que Maluf superfaturou obra viária

Ministro responde ação de calúnia, injúria e difamação

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, quer provar que o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, superfaturou o preço de obras viárias na cidade e que "bajulou" com presentes o presidente Arthur da Costa e Silva e sua mulher, Yolanda, para conseguir a presidência da Caixa Econômica Federal em São Paulo, na década de 60.
Para isso, pretende contratar uma construtora respeitada, preferencialmente com tradição internacional, para periciar as obras do complexo Ayrton Senna -o principal e mais caro projeto viário da gestão Maluf.
Já a "bajulação", Motta quer comprová-la pesquisando em notas de jornais da época os presentes que teriam sido enviados por Maluf ao então presidente da República e sua mulher.
Esse é um novo capítulo na briga judicial entre o prefeito de São Paulo e o ministro das Comunicações. Maluf está movendo uma queixa-crime por injúria, calúnia e difamação contra Motta por declarações do ministro durante a campanha eleitoral em São Paulo.
Motta afirmou que o prefeito superfaturava obras e que, com o dinheiro gasto nos túneis do complexo Ayrton Senna, seria possível duplicar a BR-101.
O ministro contratou na última terça-feira o advogado José Roberto Batochio, ex-presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), para defendê-lo na ação movida por Maluf.
A reunião de Motta com Batochio aconteceu em Brasília. Também participou do encontro o advogado do presidente Fernando Henrique Cardoso, Reginaldo Oscar de Castro.
Segundo a Folha apurou, Motta, Batochio e Castro acreditam que Maluf e seu advogado, o ex-ministro da Justiça Saulo Ramos, erraram ao processar o ministro das Comunicações por injúria, calúnia e difamação. Isso porque a única forma de Motta se livrar de uma condenação é provar que suas declarações são verdadeiras.
Ou seja, Maluf e Saulo Ramos, com a queixa-crime, colocaram o ministro das Comunicações numa posição em que não há como recuar no processo de provar o superfaturamento das obras.
O prefeito Paulo Maluf não quis comentar ontem a estratégia de defesa de Sérgio Motta. Saulo Ramos, segundo a assessoria do advogado, não estava em São Paulo.

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