São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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Para tributaristas, padrão de vida de Pitta supera seu salário

DA REPORTAGEM LOCAL; DA FT

Análise da declaração de Imposto de Renda (IR) de 1995 do prefeito eleito de São Paulo, Celso Pitta (PPB), feita por seis advogados tributaristas indica que ele tem um padrão de vida mais alto do que permitiria seu salário. A análise foi feita a pedido da Folha.
Procurado pela Folha em Paris, onde descansa, Pitta afirmou que só vai comentar o assunto quando voltar ao Brasil. Seus assessores também não se manifestaram.
Em 95, segundo declarou à Receita Federal, Pitta recebeu o total de R$ 28.414,00 de salário como secretário municipal das Finanças. Essa teria sido sua única fonte de renda, segundo seu IR.
A declaração de renda indica também que sua mulher, Nicéa, teve um acréscimo patrimonial de R$ 33.229,66 no ano passado.
Em 95, somando os dois valores, o casal tinha disponível R$ 61.643,66. A esse total, soma-se a venda de um carro Uno, no valor de R$ 4.500,00, e a venda de um Tempra, no valor de R$ 13.500,00.
Adicionando-se ainda outras fontes de renda, entre elas o 13º salário de Pitta (R$ 1.813,00) e o fechamento de uma poupança (R$ 1.345,00), a renda da família em 95 chegou a R$ 83.502,26.
Os problemas de Pitta estão no quadro de despesas que ele declarou ter em 1995.
Apenas no pagamento do financiamento do apartamento de quatro quartos, localizado nos Jardins, um dos bairros mais valorizados de São Paulo, ele pagou, durante 95, R$ 19.557,83. O apartamento é avaliado em R$ 400 mil.
Ainda em 95, com um salário que não chegava a R$ 2.500,00, Pitta comprou um Alfa Romeo 164 importado. Pagou, naquele ano, R$ 24.000,00 do financiamento.
As compras não pararam por aí. No mesmo ano, o prefeito eleito comprou à vista um Corsa para sua filha, Roberta, por R$ 14.625,00.
Somando-se outras despesas menores declaradas por Pitta, chega-se ao total de R$ 64.732,63.
Assim, a diferença entre o que a família Pitta recebeu e gastou em 1995 foi de 18.769,00, ou uma "sobra" de R$ 1.564,08 por mês.
Com esse dinheiro, eles teriam de pagar os condomínios do apartamento em que moram (R$ 900,00/mês), e de outro, no Rio, de R$ 180,00 ao mês.
Teriam que pagar ainda o salário de duas empregadas e uma governanta, a mensalidade da faculdade da filha e do supletivo do filho, Victor. Lazer, alimentação, contas de telefone, água, luz, combustível para quatro carros e outras despesas típicas de uma família de classe média alta de São Paulo também teriam que caber nos R$ 1.564,13 por mês.

Colaborou a "FT"

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