São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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Polícia investiga assassinato

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Delegacia de Homicídios de Brasília suspeita que o empresário Alcides José Peres, ex-sócio da Sainel, tenha sido assassinado por concorrentes ou antigos aliados nas disputas pela venda de medicamentos e vacinas ao Ministério da Saúde.
Peres foi morto com 11 tiros no peito e na cabeça em 24 de abril passado, 20 dias depois de ter vencido a licitação para a compra de 11 milhões de doses de vacina tríplice pela FNS (Fundação Nacional de Saúde).
Segundo testemunhas, dois homens que dirigiam uma moto aproximaram-se de Peres numa quadra comercial da Asa Norte de Brasília -onde ficava a Sainel- e dispararam os 11 tiros à queima-roupa, por volta das 9h.
A polícia não conseguiu prender os dois assassinos, mas já tem pistas dos prováveis mandantes do crime.
"Estamos concentrando as investigações no mandante do crime e estamos perto de chegar ao suspeito. Não posso dar detalhes, porque atrapalharia nosso trabalho, mas dá para dizer que os autores também estão ligados à venda de medicamentos e vacina", afirmou o delegado-chefe Jovino Bentes, da Delegacia de Homicídios.
Peres era um dos sócios da Sainel, que havia sido fundada em 1986.
A empresa cresceu durante o governo Collor e vinha obtendo vitórias sucessivas nas licitações para a compra de vacinas e soros pela FNS, até o assassinato de Peres.
Ele respondia a dois processos por corrupção ativa e estelionato e, em 91, chegou a ter a prisão preventiva decretada por ter fraudado documentos para vender medicamentos a preços superfaturados ao Ministério da Saúde.
Peres era amigo de Jorge Bandeira, testa-de-ferro de Paulo Cesar Farias, e costumava arrumar carona em jatinhos que alugava a funcionários do primeiro escalão do governo federal.
Apesar dos lucros crescentes da Sainel, Peres era discreto. Morava em um apartamento na Asa Norte e costuma dirigir o próprio carro.
(DF)

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