São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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Febre amarela pode sofrer 'urbanização'

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A falta de verbas da FNS (Fundação Nacional da Saúde) poderá trazer a febre amarela para as cidades brasileiras a partir de 97, além de ameaçar os avanços obtidos pelo Brasil no combate a doenças endêmicas como a malária.
"A situação do combate às endemias é delicada", afirmou ontem Edmundo Juarez, presidente da FNS. A fundação ainda não sabe quando terá disponível os recursos para comprar as vacinas e inseticidas para combater doenças como a dengue, febre amarela e malária.
Os R$ 456 milhões que estavam orçados para isso foram remanejados para pagar o débito com os hospitais no mês de setembro.
Há uma dívida de R$ 260 milhões com as empresas que produzem vacinas, que ainda não foi paga.
No início do ano, o Brasil foi publicamente elogiado pelo Banco Mundial por ter reduzido o número de mortes por malária -de 1.061 em 88 para 197 em 95.
Se houver interrupção no combate ao mosquito que transmite a malária, o número de mortes voltará a crescer. Além da febre amarela e malária, o combate à leishmaniose, cólera, hanseníase e doença de Chagas também poderá ser prejudicado.
"Não basta vacinar a população e jogar inseticida. Temos de sanear as regiões pobres que atraem os vetores que transmitem as doenças. Mas isso demanda recursos."
Segundo Juarez, o maior risco da multiplicação de focos do mosquito Aedes aegypti -que transmite a dengue e a febre amarela- é a "urbanização" da febre amarela.
Isso poderia acontecer nas cidades em que há focos do mosquito e que servem de centro de tratamento para pessoas infectadas pela febre amarela.
"Hoje, há focos do mosquito em quase todo o país. A situação é grave, e os planos de erradicação custam caro. Mas se a febre amarela chegar às cidades, o prejuízo será bem maior", disse Juarez.
Para evitar a "urbanização" da febre amarela e a dengue hemorrágica (que pode ser letal), é preciso aumentar o combate ao mosquito.
Hoje, há 16 mil agentes fazendo esse trabalho no país, número considerado insuficiente. "Não temos dinheiro para contratar mais gente." A FNS é responsável pela compra e distribuição de vacinas, soros e inseticidas para toda a rede pública de hospitais, além de combater as doenças endêmicas.

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