São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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Apenas 30 minutos que fazem muita diferença

VICTOR MATSUDO
ESPECIAL PARA A FOLHA

As inovações tecnológicas deixaram a vida confortável. O carro, o computador, o controle remoto facilitaram tudo. Mas condenaram o homem moderno ao sedentarismo e a sérios problemas de saúde.
Pesquisas apontam que 51% das causas de morte estão relacionadas ao estilo de vida do indivíduo. Mas mostram, também, que um pouco de atividade física pode reduzir em até 40% o risco de morte por doenças cardiovasculares.
Ir a pé a padaria, subir dois andares de escada e até levantar do sofá para trocar os canais da TV já fazem diferença. Apenas 30 minutos diários de atividade física, seja qual for, não dá medalha. Mas melhora muito a saúde de uma pessoa.
E esses 30 minutos podem ser acumulativos. Dez de manhã, cinco à tarde e assim por diante. Não é necessário quebrar a rotina. Apenas incluir a atividade física no cotidiano.
A Secretaria Estadual da Saúde, com o apoio de diversas instituições, lança no próximo dia 3 um projeto que pretende melhorar o nível de conscientização da população sobre os benefícios da atividade física.
Nós, do Celafiscs (Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul), fomos incumbidos de elaborar a base científica da campanha, que vai durar pelo menos um ano, mas aspira ser direito constante do cidadão.
Para não ficar só no discurso, resolvemos diagnosticar o conhecimento da população sobre o tema e medir o nível de atividade física dos paulistas.
A pesquisa será repetida a cada seis meses, para a exata avaliação do impacto da campanha e de seus resultados.
Após visitas a departamentos de saúde na Inglaterra, Canadá e Estados Unidos, fixamos três focos de trabalho.
O primeiro é atingir as crianças. É notável o crescimento dos casos de obesidade infantil nos grandes centros urbanos brasileiros. E está provado que o nível de atividade física dos filhos corresponde ao dos pais.
A chance de uma criança ser ativa é duas vezes maior se pelo menos um dos pais não é inativo. Se os dois são ativos, a chance é de até seis vezes.
Estimularemos a via contrária, nas escolas, fazendo com que as crianças cobrem dos pais uma mudança de atitude.
O segundo foco é a terceira idade. Pretendemos esclarecer que a atividade leve e moderada já é suficiente para se ter mais saúde. Mudar a idéia de que o exercício físico deve ser intenso para dar resultados.
O terceiro foco é o trabalhador. Além das óbvias vantagens para o empregado, os benefícios para a empresa são enormes. A produção aumenta, as faltas diminuem e o uso do ambulatório é menor.
Dados internacionais mostram que programas de qualidade de vida dão retorno de US$ 2 a US$ 6 para cada US$ 1 investido em apenas dois anos.
Ficaremos satisfeitos se, após essa etapa inicial, cada paulista subir um grau seu nível de atividade física. Ou seja, o sedentário passar a ser um pouco ativo, o pouco ativo se tornar um ativo regular e que esse entre no time dos muito ativos.
No mesmo dia 3, o presidente Fernando Henrique Cardoso lançará a campanha "Vida Ativa", de mesmo objetivo, em âmbito nacional. O Brasil todo ganha. São Paulo sai na frente.

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