São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Reunião discute queda de público em 96

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Atores e atrizes de teatro convocaram uma reunião na próxima segunda-feira para discutir o que consideram uma crise no setor, gerada pela falta de público em São Paulo na última temporada.
Com a participação dos elencos das peças em cartaz na cidade, membros das secretarias da Cultura e da Apetesp, o objetivo é criar um documento com propostas para aumentar as platéias de teatro no país.
A reunião, organizada pelos atores Roberto Pirillo ("Trair e Coçar é Só Começar) e Maria Clara ("Um Bonde Chamado Desejo"), quer formar uma comissão para procurar incentivo junto aos governos federal, estadual e municipal, além da iniciativa privada.
"Pretendemos reavaliar e reconstituir a classe com o objetivo de criar mecanismos de apoio à cultura, para que a gente possa trabalhar, ter um salário razoável", afirma Maria Clara.
Entre os que teriam confirmado presença no encontro estão o autor e ator Marcos Caruso, Analy Álvarez (da Secretaria Municipal da Cultura), Sérgio Dantino (presidente da Apetesp) e o autor José Carlos de Andrade.
Apesar de não contarem com um levantamento estatístico que demonstre a queda de público, Maria Clara e Pirillo afirmam que o fenômeno está sendo sentido inclusive por produções de atores consagrados.
"Onde já se viu Tarcísio Meira e Glória Menezes terem que cancelar espetáculo por falta de público? Isso aconteceu este ano", afirma Maria Clara.
Um dos principais motivos da queda, segundo a dupla, é o alto preço dos ingressos. "Interesse do público em ir ao teatro há, o que não existe são condições de ele participar. Veja o Sesi, por exemplo, que tem ingressos gratuitos e vive lotado. Precisamos de mais coisas desse tipo", diz Maria Clara.
Pirillo afirma que, mesmo com a promoção das Kombis da Apetesp (Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo), que vende ingressos a preços populares, as lotações estão ficando aquém do esperado.
Esse seria também o caso de "Trair e Coçar, É Só Começar", um dos maiores fenômenos do teatro brasileiro, há 11 anos em cartaz. "Nós voltamos para uma curta temporada na capital, e a peça não está indo bem como se esperava", afirmou Pirillo.
Os números da Apetesp, no entanto, mostram que a venda nas Kombis cresceu em relação a 95. Segundo seu levantamento, nos primeiros 15 dias foram vendidos 6.000 ingressos. Comparado ao mesmo período do ano passado, o crescimento é de 10%.
A peça que tem maior procura, segundo os registros do órgão, é "Pérola", com Vera Holtz. Outro cujas vendas andam bem, segundo a entidade, é o espetáculo "E Continua... Tudo Bem", com Glória Menezes e Tarcísio Meira.
A cota dessas produções (cerca de 40% da lotação dos teatros), colocadas à venda nas Kombis, estariam se esgotando quase que diariamente.

Texto Anterior: Livro reúne opção popular de Iturbide
Próximo Texto: João Gilberto reabre casa em Juiz de Fora
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.