São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Livro reúne opção popular de Iturbide
CELSO FIORAVANTE
As imagens do livro farão parte de uma grande retrospectiva sobre a autora, em 1997, na Filadélfia. Iturbide e seu professor, Manuel Álvarez Bravo, 94, são hoje os mais importantes nomes da fotografia mexicana contemporânea. Atualmente, ela está com uma retrospectiva na capital mexicana. Em entrevista à Folha, por telefone, da Cidade do México, Iturbide comentou sua opção pela fotografia, sua preferência pelos "pueblos" e falou de seus trabalhos, alguns mostrados nesta página. * Folha - Os personagens de suas fotografias parecem sem portadores de um grande heroísmo... Graciela Iturbide - Quando fotografo os "pueblos", procuro sempre respeitar a dignidade que deve existir em todo ser humano. O classicismo que se vê nos enquadramentos corresponde à minha formação cultural e à forma que melhor encontro para ver o mundo. Folha - Quando você fotografa, existe algum tipo de preocupação com a afirmação cultural dos nativos mexicanos? Iturbide - Ao sair para fotografar no campo, procuro entender como é a cultura do meu país. Ao mesmo tempo, me interessa estabelecer uma cumplicidade entre o fotografado e eu. Se ela não existe, a fotografia não é válida. A câmera é um pretexto para eu conhecer melhor o meu país. Minha obra não é uma obra política, embora ela possa ser, em alguns momentos, mas não é a sua primeira intenção. Quero deixar um testemunho meu daqueles momentos. Folha - O livro "Images of the Spirit" apresenta temas muito constantes: a mulher e a maternidade, a sexualidade e a religião. Esses temas são recorrentes em seu trabalho? Iturbide - "Images of the Spirit" traz uma seleção de diversos livros meus. O que se passa é que, quando vou fotografar, vivo com as pessoas, trabalho no mercado com as mulheres... O livro "Juchitán de las Mujeres" (1989), por exemplo, teve esse nome porque Juchitán é um lugar onde as mulheres têm muita força política, econômica e social. O que me interessava era fotografar a vida cotidiana e os rituais do lugar. Os zapotecas dão muita importância à sua cultura. É uma sociedade muito aberta, livre, e que respeita muito a homossexualidade. O homossexual não é um marginal e costuma participar da vida cotidiana com naturalidade. Folha - Quando você optou pela fotografia? Iturbide - Comecei estudando cinema, mas depois conheci o fotógrafo Manuel Álvarez Bravo, de quem fui ajudante durante um ano e meio, entre 1970 e 1971. Foi ele quem me fez descobrir o prazer da fotografia e com quem aprendo muito ainda hoje. Folha - Quando você fotografa, você procurar se inserir no universo que está retratando? Iturbide - Procuro sempre ser uma pessoa aceita pela comunidade, participando das atividades locais. De uma maneira consciente ou inconsciente, uma pessoa sempre está procurando lembranças, mesmo daquilo que não viveu. Folha - Qual câmera você usa? Iturbide - Uso sempre uma Laica, que é uma câmera que não pesa muito. Folha - Você já fez uma mostra no Brasil. Você tem algum interesse pela fotografia brasileira? Iturbide - A fotografia brasileira me agrada muito. Assim como no México, a fotografia no Brasil tem uma história e um entusiasmo muito fortes. Possui ótimos representantes, como Nair Benedito, Miguel Rio Branco, Cravo Neto... Livro: Images of the Spirit Autora: Graciela Iturbide Quanto: US$ 40 (nos EUA) Encomendas: livraria Freebook (tel. 011/256-0577; pedidos a partir de janeiro de 1997) Texto Anterior: Os livros de Morais Próximo Texto: Reunião discute queda de público em 96 Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |