São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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Chomsky critica neoliberalismo no Masp

DA REPORTAGEM LOCAL

O linguista Noam Chomsky, 67, criticou o neoliberalismo ontem em sua palestra no Museu de Arte de São Paulo (Masp).
Durante a conferência, que começou às 19h40 e durou uma hora, ele analisou as aplicações do consenso de Washington para concluir que os países desenvolvidos usaram e usam de protecionismo e violência para enriquecer.
O consenso de Washington é como ficou conhecida a receita do FMI (Fundo Monetário Internacional) e Bird (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para estabilizar e ajustar economias dos países periféricos prevendo abertura comercial para o exterior, privatizações e combate à inflação.
Chomsky reafirmou sua convicção de que os Estados não são independentes dos poderes econômicos e estão muito mais ligados aos empreendimentos financeiros do que aos interesses populares.
"Em todas as sociedades, o público arca com os riscos e paga os preços se os empreendimentos dão errado", afirmou.
"Consenso sem Consenso: Reflexões sobre a Teoria e a Prática da Democracia" é o tema da palestra que o linguista fará às 15h de hoje no auditório da FAU na USP, como parte de seu ciclo de conferências pelo país.
Com apresentação da professora de filosofia Marilena Chauí, a palestra marca os dez anos do IEA (Instituto de Estudos Avançados).
Segundo os organizadores, a conferência tem por objetivo verificar, na atualidade, como se aplica a idéia de que as massas que não podem ser controladas pela força precisam ser iludidas a seguir os "homens de melhor qualidade".
Autor de 23 livros sobre política norte-americana, Chomsky se notabilizou pela crítica à atuação internacional dos EUA e por seus estudos sobre mídia e comunicação.
Hoje, seu primeiro compromisso na USP ocorre durante a manhã. Às 10h, ele falará sobre "O Lugar da História da Linguística na Construção Teórica da Moderna Ciência da Linguagem".
Em São Paulo, ele tem outros dois encontros: se reunirá com Luiz Inácio Lula da Silva e participa, no sábado, de uma atividade com os sem-terra.
Sua visita ao Brasil é patrocinada pelo CNPq, com colaboração do Instituto de Estudos Avançados da USP, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e editora Scritta.
As palestras na USP são abertas a todos os interessados, com entrada gratuita e tradução simultânea.

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