São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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ANOS PERDIDOS

A intervenção do Banco Central no Banespa não serviu para sanear a instituição e -a julgar pelas informações disponíveis neste período final de negociações- nem para dar-lhe um fim definitivo.
As resistências políticas impediram que se procedesse a qualquer tipo de solução técnica. Quase dois anos depois, e carregando uma dívida do Estado de São Paulo que, em números redondos, passou de R$ 9 bilhões para R$ 20 bilhões, a federalização que agora se esboça pouco diz sobre o destino final do banco.
Como a intervenção não poderá ser prorrogada além de dezembro, a transferência de ações do Banespa para o governo federal parece ser a medida que resta, dado que até agora não se tomaram iniciativas para privatizá-lo nem para liquidá-lo e que tampouco existem condições de capitalizar a instituição.
Para que a eventual federalização não seja apenas a prorrogação por outros meios do mesmo impasse e da mesma indecisão que se arrastam há 23 meses, é preciso que o acordo fixe claramente qual será o destino do Banespa. Afinal, se nada ocorreu foi por razões políticas, pois, com a intervenção, o banco já se encontra hoje sob controle do governo federal.
O governo acena com a contratação de uma instituição privada para gerenciar o Banespa por um dado período e saneá-lo. A experiência similar do Banco Bozano, Simonsen com o Banerj, no Rio de Janeiro, recomenda cautela. Afinal, depois de pagar R$ 36 milhões em apenas um semestre pela administração privada, decidiu-se que o Banerj teria fim similar ao dos bancos Nacional e Econômico: o Estado absorverá os chamados ativos "podres", privatizando a parte sadia do banco.
Não há mais o que tergiversar. Sobre o Banespa pesa a enorme dívida de um Estado em dificuldades. E a mera transferência acionária não desata esse nó górdio. Sem tomar as decisões fundamentais, o que se apresenta como solução poderá ser apenas mais um passo no lodaçal.

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