São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 1996
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Análise infiel; Modelos de violência; Contas; Chomsky; Extinção da Justiça Militar; Trabalho infantil; Esclarecimento; 'Jatene' da educação

Análise infiel
"A reportagem assinada por Lauro Veiga Filho na edição da Folha de 17/11, sob o título 'Eleitorado rejeita o irismo', produz uma análise infiel das realidades políticas de Goiás. A avaliação generaliza para o universo político do Estado as repercussões do pleito de Goiânia, onde o PSDB tomou a prefeitura do PT, e não do PMDB, o partido liderado por Iris. Não houve perdas, mas frustração na tentativa de recuperar a prefeitura da capital.
Até que venham as próximas eleições, em que seguramente confirmaremos o governador, a vaga aberta para o Senado e a maioria nas Câmaras federal e estadual, qualquer tentativa de questionar o prestígio de Iris Rezende não terá amparo nos fatos.
No pleito recente, fizemos 118 prefeitos, contra 20 do PSDB, apesar de todo o charme do apoio vindo de Brasília. Estadualizar o que é local é transformar arroba em tonelada, apenas pela mágica de palavras jogadas ao vento.
As fontes consultadas pelo repórter esqueceram-se rapidamente de que o partido do presidente Fernando Henrique Cardoso perdeu as eleições em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, os maiores colégios eleitorais do país.
Se valer para o país a regra imaginada para inventar o declínio da força de Iris Rezende, é dos próprios tucanos de Goiás a insinuação de que o presidente deve desistir, desde já, da reeleição."
Mauro Miranda, senador pelo PMDB-GO (Brasília, DF)

Modelos de violência
"Fui surpreendida pelas cartas dos leitores sobre a reportagem 'Mulher aprova vingança à Lorena Bobbit', de 10/11, a qual não li.
Realmente, como descrita, a reportagem é um desserviço.
A existência de modelos de uso de violência para solucionar embates vai desde o desenho animado aos filmes mais sofisticados: não se conversa, não se negocia.
É uma rajada de metralhadora ou um soco no estômago e o problema está resolvido."
Marta Suplicy, deputada federal pelo PT-SP (São Paulo, SP)

Contas
"A respeito da carta do deputado Cesar Callegari ('Painel do Leitor', 20/11): 1) não afirmei que o deputado não sabe fazer contas. O que disse e repito é que as contas que apresentamos na proposta orçamentária para 1997 estão corretas.
2) Nossa principal divergência com o deputado é quanto à inclusão ou não do pagamento de inativos da Secretaria de Educação como despesas 'na manutenção e no desenvolvimento do ensino público'.
3) Entendemos que a garantia constitucional de recursos para pagamento de inativos na Educação é indispensável para dar tranquilidade aos que estão hoje na ativa.
4) Com essa inclusão, e mesmo usando qualquer sistemática, como a apresentada pelo deputado, por exemplo, os gastos previstos com educação no Orçamento de 1997 superam o mínimo constitucional de 30%."
André Franco Montoro Filho, secretário estadual de Economia e Planejamento (São Paulo, SP)

Chomsky
"A reportagem de 16/11 sobre a visita do professor Noam Chomsky ao Brasil de um lado trata das suas idéias em geral como um dos maiores intelectuais do nosso tempo, mas, por outro, dá maior destaque a um problema específico da tradução recente de seu livro para o português, deslocando o foco dos aspectos principais do debate que sua presença suscita.
Chomsky, além de um grande linguista, se tornou um crítico do neoliberalismo, dominante no mundo e, inclusive, no Brasil, sendo relevante confrontar suas posições com a atual política econômica, as privatizações indiscriminadas, a desarticulação do Estado, o desemprego e a pobreza.
Concordei com a professora Miriam Lemle ao criticar quaisquer equívocos de tradução, mas o essencial é o debate sobre as idéias de Chomsky neste momento."
Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ -Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ)

Extinção da Justiça Militar
"Cumprimentamos a Folha e o ministro Celso de Mello pela brilhante entrevista de 18/11.
A firmeza com que o ilustre juiz defendeu a extinção da Justiça Militar estadual e as reflexões por ele feitas quanto à conveniência de se extinguir, também, o Superior Tribunal Militar são dignas de elogios.
É de juízes assim que o Brasil precisa."
Urbano Ruiz, presidente do Conselho Executivo da Associação Juízes para a Democracia (São Paulo, SP)

Trabalho infantil
"A Folha está, claramente, na vanguarda dos assuntos relacionados à criança. O editorial 'Miséria infantil' trata de um dos problemas mais graves que afetam a criança no Brasil. Existem muitas maneiras de combater, de maneira eficiente, o trabalho infantil.
Infelizmente, porém, a erradicação do trabalho infantil, bem como da prostituição infanto-juvenil, é uma luta difícil e lenta.
Mas essa luta pode ficar mais fácil se os governos de todos os níveis (municipal, estadual e federal) trabalharem junto com as organizações não-governamentais que atuam, com sucesso, nessa área."
Agop Kayayan, representante do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) no Brasil (Brasília, DF)

Esclarecimento
"Em instigante reportagem publicada no caderno Mais!, edição de 17/11, a Folha mencionou minha intervenção em debate ocorrido no último encontro da Anpocs.
É imprescindível esclarecer que nessa intervenção, entre outras considerações sobre a pós-graduação, alertei sobre a inconveniência de longos processos de formação de pesquisadores, que resultam no início tardio de sua atividade independente.
Consideradas fora de seu contexto, partes de minha intervenção podem adquirir uma conotação pejorativa e um sentido contrário às minhas opiniões.
Em particular, não creio que haja correlação entre juventude e competência científica. Pelo contrário, experiência e maturidade são componentes importantes dessa competência."
José Fernando Perez, diretor-científico da Fapesp -Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

'Jatene' da educação
"Lula certa vez referiu-se a um possível ministério de 'notáveis' dizendo que deveria ter pelo menos 12 'Jatenes'.
O maior 'Jatene' do atual ministério de FHC chama-se Paulo Renato Souza, ministro da Educação.
Parabéns pela maneira correta, organizada e firme com que tem dirigido a educação em nosso país."
José Elias Aiex Neto (Foz do Iguaçu, PR)

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