São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Prefeitos do PPB querem se relacionar bem com FHC

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, enfrentará um obstáculo inesperado na Convenção Nacional do PPB, na qual espera tirar uma posição contra a reeleição: o interesse dos prefeitos eleitos em se relacionar bem com o governo federal.
Mais de 600 prefeitos do PPB assumirão prefeituras endividadas em 1º de janeiro. Precisarão renegociar dívidas com o Banco Central ou ampliar, no Senado Federal, sua capacidade de conseguir empréstimos.
"É um fator de complicação que a convenção vai ter que analisar. É um assunto pesado. Temos que discutir com sabedoria para não estourar o partido", diz o presidente nacional do partido, senador Esperidião Amin (SC).
Amin vive de perto o problema. Angela Amin, sua mulher, foi eleita prefeita de Florianópolis (SC). Vai pegar uma prefeitura com um déficit operacional de R$ 18 milhões, fora a dívida de longo prazo.
Ela vai ter que encontrar dinheiro para cumprir em janeiro a principal promessa de campanha: colocar em dia os salários do funcionalismo, que vêm sendo pagos com atraso há quatro meses.
A solução ela já tem: "Vamos renegociar a dívida da prefeitura junto ao Banco Central". Sua posição na convenção do partido também já está definida: "Vou votar a favor da reeleição. Eu e o Esperidião nunca fomos contra".
O prefeito eleito de Santos, Beto Mansur (PPB-SP), também evita enfrentamento com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Para ele, a posição do partido contra a reeleição não deve ser obstáculo a um entendimento com FHC.
Mansur vai assumir uma prefeitura que deve R$ 141 milhões. Terá que renegociar débitos com fornecedores e conseguir melhores prazos para pagar ações movidas na Justiça contra a prefeitura.
O líder do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto (SP), integrante da comissão especial e um dos opositores da reeleição de FHC, também está preocupado com a pressão dos prefeitos.
"Eu elegi seis prefeitos na minha região. Estão todos danados da vida comigo, por causa da minha posição na comissão. Eles vão precisar do governo", disse ele.
O ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) já prevê a movimentação dos prefeitos do PPB e diz que eles serão tratados como aliados do governo. A intenção é induzi-los a levarem o partido para uma posição menos radical.

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