São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Jader tenta apoio de tucanos contra ACM

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PMDB no Senado, Jader Barbalho (PA), ainda não foi escolhido o candidato do seu partido à presidência da Casa, mas já está em campanha.
Começou a atacar seu principal adversário, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e pediu o apoio do PSDB ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Essa história de rejeição do PSDB ao meu nome é coisa plantada. Conversei com o tucano de maior plumagem", disse.
"Eu tenho a impressão de que o próprio Fernando Henrique, se ainda estivesse no Senado, votaria em mim", afirmou.
Preocupação
O iminente confronto entre Barbalho e ACM preocupa o Palácio do Planalto. Segundo parlamentares ligados a FHC, o presidente sabe que a disputa vai estilhaçar a base governista.
Na semana passada, o líder do PMDB referiu-se ao senador baiano como "imperador" e fez uma provocação: "Vamos pedir voto em todos os partidos, até no PFL".
O candidato da preferência do Planalto é o líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES).
Mas Antonio Carlos Magalhães, com um corpo-a-corpo ostensivo, está transformando sua candidatura em fato consumado, intimidando adversários do próprio PFL.
Alvares tem dito que, como líder do governo, não disputa com parlamentares da base governista. Só se renunciasse ao cargo, o que dependeria de FHC. Por enquanto, o presidente não tem interferido diretamente na sucessão do Senado.
Apoio de Amin
A candidatura de Elcio Alvares é defendida pelo senador Esperidião Amin (PPB-SC).
A bancada do seu partido (cinco senadores) está dividida, apesar do acordo feito entre ACM e o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf.
Além de conversar com Fernando Henrique, Barbalho também buscou apoio dos líderes do PFL, Hugo Napoleão (PI), do PSDB, Sérgio Machado (CE), e de Elcio Alvares.
Disputa no PMDB
Barbalho disputa com o senador Iris Rezende (GO) a indicação do partido.
A bancada do PMDB reúne-se nos próximos dias para escolher um dos dois, e o líder do partido no Senado está certo da vitória.
Barbalho já fez um acordo com Rezende: o que ganhar terá apoio do outro. A idéia é fortalecer o candidato peemedebista.
O senador paraense afirma que vai levar a disputa para o plenário mesmo que a bancada do PFL cresça e supere a do PMDB.
Tradicionalmente, o maior partido do Senado indica o presidente da Casa.
Critérios
O PMDB tem 23 senadores, e o PFL, 22. Mas Gilberto Miranda (PMDB-AM) anunciou que vai para o PFL, invertendo o tamanho das bancadas.
Os peemedebistas tentam argumentar que vale o número de senadores do início da legislatura, o que mantém a vantagem do partido. Esse critério não é aceito pelas outras legendas.
"Queríamos que nossa maioria fosse reconhecida, mas, como não é, vamos tentar conseguir essa maioria no plenário", disse o senador paraense.
Os 11 votos da oposição (PT, PSB, PPS e PDT) iriam para Iris Rezende, se ele fosse o candidato do PMDB.
O próprio PFL está dividido. Nesse quadro, uma interferência do Palácio do Planalto poderia ser decisiva para a eleição do sucessor de José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado.

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