São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Ministério dispõe de AZT para um mês

DANIELA FALCÃO; FÁBIO GUIBU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Segundo a associação dos laboratórios oficiais, a situação mais grave na suspensão dos medicamentos produzidos por seus associados é a da produção de AZT (usado para combater a Aids) e de remédios contra a malária.
O programa de DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis)/Aids do Ministério da Saúde só tem AZT suficiente para o próximo mês. A droga é fabricada pelo laboratório pernambucano Lafepe (Laboratório Farmacêutico de Pernambuco).
Segundo a direção do laboratório, a produção foi suspensa desde o início da semana, porque não havia mais dinheiro para comprar os insumos necessários.
O Lafepe deveria entregar até o fim do ano 36 milhões de cápsulas de AZT ao ministério. Até agora, só entregou 10 milhões.
Segundo Antonio José Alves, o governo federal deve à indústria R$ 14 milhões desde o dia 16 de setembro. "Não havia mais condições de manter o fornecimento."
Outros medicamentos
Além do AZT, o Lafepe, que é ligado ao governo de Pernambuco, deixou de fabricar mais 11 medicamentos que abastecem a rede pública de saúde do Brasil.
Outros três laboratórios estatais -dois do Rio de Janeiro e um do Pará- seguiram o mesmo caminho, disse Alves.
"Em 15 dias, todas as unidades que fabricam remédios para o governo serão obrigadas a parar por falta de condições e matéria-prima", alertou ele.
O laboratório Farmanguinhos (do Rio de Janeiro), que produz todos os medicamentos contra a malária do país, também já suspendeu a produção desde segunda-feira por falta de verbas.
O mesmo aconteceu com a fabricação de anti-hipertensivos, antibióticos e de drogas contra a tuberculose pelo IVB (Instituto Vital Brasil), também do Rio.
Segundo o presidente da Alfob, os outros laboratórios param suas atividades a partir de hoje.
A interrupção não é confirmada por pelo menos um laboratório, a Furp (Fundação para o Remédio Popular), ligado ao governo do Estado de São Paulo. De acordo com o secretário estadual da Saúde, José da Silva Guedes, a fundação não vai interromper o fornecimento.
Os 12 laboratórios são responsáveis pelo fornecimento de 52 tipos de medicamentos. Por ano, as indústrias fabricam cerca de 1,5 bilhão de unidades desses remédios, em contratos de R$ 153 milhões.
(DANIELA FALCÃO e FÁBIO GUIBU)

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