São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aeronáutica recebe relatório na segunda

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O relatório preliminar sobre a queda do Fokker-100 da TAM em São Paulo, no dia 31 de outubro, não deve esclarecer a principal dúvida: qual foi a falha que causou o acionamento do reverso do motor durante a decolagem do avião. No acidente morreram 98 pessoas.
O relatório será entregue na segunda-feira ao Cenipa (Comissão de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Aeronáutica, que documenta todos os acidentes aéreos no Brasil.
Segundo apurou a Folha, somente a análise dos destroços vai poder apontar se ocorreu uma das duas hipóteses para a falha levantadas pela equipe de investigação do caso. As duas hipóteses não foram fornecidas à reportagem.
As peças do avião acidentado estão sendo analisadas no CTA (Centro Técnico Aeroespacial), da Aeronáutica, em São José dos Campos (97 km de São Paulo).
O que se sabe
Até agora, o que se sabe é que o reverso, uma espécie de marcha a ré da turbina utilizada durante os pousos, foi acionado quando o jato decolava, e seu funcionamento indevido teria desestabilizado o aparelho. A falha é considerada a principal causa do acidente.
Sabe-se também que o que acionou o reverso foi um relé defeituoso. O relé -uma espécie de interruptor elétrico- é o responsável pelo funcionamento de uma válvula hidráulica do reverso.
Normalmente, o relé é acionado pelo piloto, da cabine. No caso do avião da TAM, porém, o relé foi energizado sem ordem do piloto.
Os técnicos ainda não sabem o que liberou essa corrente elétrica.
Para evitar novas panes enquanto isso, foram feitas modificações provisórias no sistema do avião, nos procedimentos operacionais da tripulação e na manutenção da aeronave.
O relatório preliminar confirma as mudanças ao citar os boletins que detalham os boletins do DAC (Departamento de Aviação Civil).
A primeira mudança, no sistema elétrico que aciona o reverso, foi na verdade uma volta ao passado. Isso porque o sistema sugerido após o acidente é o mesmo que equipava os Fokker-100 até 1991, quando foram alterados para economizar energia.
Já o procedimento operacional foi ampliado. Os pilotos de Fokker-100 hoje incluíram na checagem realizada antes de cada decolagem uma verificação no sistema automático de aceleração, ATS.
A checagem serve para sanar uma carência do projeto do avião. Hoje, o Fokker-100 não avisa ao piloto quando o reverso está aberto. Como o ATS não funciona se o reverso estiver destravado, serve de aviso indireto.
A terceira exigência é uma manutenção em todo o sistema do reverso a cada "manutenção de pernoite", que é realizada a cada 48 horas.

Texto Anterior: Vestibular da Fuvest-97 começa amanhã
Próximo Texto: PT contesta contratação de assessoria para o PAS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.