São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Show e jogos podem ficar sem segurança

DA REPORTAGEM LOCAL

Shows, jogos de futebol e outros eventos lucrativos que atraiam milhares de pessoas podem ficar sem segurança interna depois que a PM decidiu cobrar pelo policiamento dos ambientes ou áreas isoladas em que são realizados.
Segundo o tenente-coronel Élzio Nagalli, subcomandante da Comunicação Social da PM, a responsabilidade pela segurança do público cabe aos organizadores.
Caso não seja paga para fazer o policiamento, a PM não tomará conhecimento do esquema de segurança adotado -embora tenha passado a exigir álvara do prédio usado, licença específica para o evento e atestado de vistoria pelos bombeiros, por exemplo.
"Se houver um incidente ou um grande confronto, a PM atenderá a ocorrência. Mas só vamos nos preocupar com o policiamento do lado de fora, que continua gratuito", informou Nagalli.
José Muniz Neto, diretor da Mercury Concert, empresa responsável pela organização do Philips Monsters of Rock, não descarta a possibilidade de algum organizador deixar de contratar a PM, mas acha difícil que isso ocorra.
"Seria uma irresponsabilidade, mesmo que sejam usados seguranças privados", avalia.
Ingresso
Luiz Flávio D'Urso, presidente da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas, diz que a compra de ingresso para um show ou jogo de futebol vale como um contrato. Nele está implícita a obrigação de o organizador garantir a segurança do espectador.
"Se por qualquer motivo o organizador deixa de propiciar a devida segurança e há um incidente, ele pode ser responsabilizado civil e criminalmente", afirma.
D'Urso avalia que, caso a PM não tenha sido contratada para fazer a segurança interna, está em princípio livre de responsabilidade.
A PM informa que, se paga para cobrir o ambiente interno, não aceitará restrição do número de policiais envolvidos, visando economia para o organizador.
"Ele deve apenas informar número e tipo de espectadores. Todo o planejamento fica por nossa conta", afirma Nagalli.

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