São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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"Plano para matar Paulinho é armação"

CLÁUDIO EUGÊNIO

CLÁUDIO EUGÊNIO; CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REDAÇÃO

João da Ford, o acusado, diz que a prisão temporária é arbitrária; advogado tenta obter o habeas corpus

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
O sindicalista João de Souza Neto, o João da Ford, teve prisão temporária de cinco dias decretada ontem, a pedido do delegado Antônio Mestre Júnior, titular da 8ª Delegacia Seccional da Capital.
João teria participado de um suposto plano para matar o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e diretor da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
João disse que tudo não passa de uma "armação". "A prisão foi arbitrária. Estamos tentando habeas corpus", disse Eugênio Carlos Belavari, advogado de João.
Depoimento
Segundo depoimento de Alan Lady Lima de Menezes, segurança do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação do Estado de São Paulo, anteontem à noite, João teria lhe contratado para matar Paulinho havia dois dias.
"Eu recebi R$ 6 mil adiantados e receberia mais R$ 50 mil depois de efetuar o crime, além de R$ 10 mil mensais se João conseguisse retomar suas atividades no sindicato", disse Alan à Folha.
Segundo Alan, João teria combinado encontro com ele anteontem à noite, quando receberia a arma do crime (uma pistola automática 9 mm), 60 balas e silenciador.
Caberia a Alan apresentar no encontro uma pessoa para auxiliá-lo na execução do suposto plano.
Alan disse que aceitou a proposta porque, do contrário, João contrataria outro e Paulinho, que ele conhece há dez anos, correria risco de vida. Para desmontar o plano, Alan disse que procurou Paulinho e narrou o que havia "combinado" com João.
Polícia
O sindicalista procurou então a polícia, que acompanhou Alan ao encontro até um bar em Itaquera (zona leste de São Paulo).
Quando encontrou-se com João, na noite de anteontem, Alan estava acompanhado de Fabiano Machado, um amigo que "participaria do plano", segundo Alan.
"Nos encontramos em um bar. Como o local estava muito cheio, decidimos ir para a garagem do prédio onde moro", disse Alan.
Segundo ele, João entregou-lhe a arma na garagem e avisou que tinha de efetuar o crime até o final deste mês. "Testei a arma dando um tiro dentro da garagem", disse.
Foi quando a polícia chegou e levou todos para a 49º DP. "A arma não estava na mão do João. Pode ter sido colocada na garagem", disse o advogado.
A polícia está de posse, também, de uma fita, que teria sido gravada na garagem, com os diálogos entre Alan e João. O advogado de João disse que não teve acesso à fita.

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