São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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Sucessão seria motivo de 'crime'

DA REPORTAGEM LOCAL

O incidente envolvendo João de Souza Neto, o João da Ford, e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, tem fundo político.
Sem oposição da CUT, a Força Sindical briga entre si na disputa pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, o maior da América Latina, com orçamento de cerca de R$ 45 milhões este ano e patrimônio estimado em R$ 100 milhões.
João da Ford era diretor do sindicato e tesoureiro da Federação dos Metalúrgicos de São Paulo. Foi afastado da direção do sindicato em junho e da federação.
Segundo Paulinho, ele teria comprado notas fiscais de funcionários do sindicato. João alega razões políticas.
Alan Lady Lima de Menezes, que teria sido contratado para matar Paulinho, diz que nos últimos dias vinha percebendo que o ódio de João da Ford em relação a Paulinho aumentava.
"Ele se dizia vítima de uma grande injustiça por ter sido afastado do cargo de tesoureiro na Federação dos Metalúrgicos de São Paulo. Achava Paulinho uma pedra no seu caminho e o responsabilizava pela sua saída do sindicato", disse Alan.
Paulinho prefere não citar nomes, mas diz que Alan teria citado Lúcio Bellentani, presidente da Confederação dos Metalúrgicos da Força Sindical, e hoje adversário político de Paulinho, como o responsável pelo pagamento a Alan.
"Você só pode estar brincado. Não tem cabimento um troço desses", disse Bellentani, ao saber do que era acusado. "Tenho 36 anos de honestidade no movimento sindical. É um absurdo!"
Paulinho disse que Alan citou o sindicalista Antônio Flores e Wagner Cinchetto e Marcos Cará, ex-assessores do presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, como envolvidos no caso. João era integrante do agrupamento político MR-8, assim como Marcos Cará e Wagner Cinchetto.
Flores é do PSDB e deixou a Força Sindical e o sindicato descontente com o grupo dirigente, liderado por Paulinho.
Briga antiga
A briga interna na Força Sindical não é de hoje.
Ela veio à tona justamente quando Wagner Cinchetto denunciou à Folha, no início de 95, esquema paralelo de Medeiros para arrecadar dinheiro junto a empresários.
A crise foi tão profunda que Enilson Simões de Moura, o Alemão, ex-secretário-geral da Força Sindical, acabou deixando a central.
A disputa continua e o buraco pode estar ainda mais embaixo.

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