São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996
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JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Desgastado por diversas razões junto ao público brasileiro, Rubens Barrichello deve parecer outra pessoa a partir da próxima temporada.
A transformação está sendo patrocinada pela Stewart Racing, que, como Jackie Stewart, tem no marketing uma de suas prioridades.
Nas últimas semanas, o piloto brasileiro foi sabatinado pelo pessoal da equipe e recebeu até aulas de como se portar em frente às câmeras, como qualquer executivo internacional.
Esse tipo de formação é cada vez mais exigido e já serve como parâmetro em contratações.
Muitos pilotos da atualidade, aliás, são frutos de verdadeiros laboratórios bancados por equipes ou patrocinadores.
Villeneuve, por exemplo, saiu de um grupo de jovens talentos canadenses recrutados pela marca de cigarros Player's.
Schumacher, Frentzen e Wendlinger fizeram parte do famoso Team Junior da Mercedes.
O sistema é simples: um bando de garotos é selecionado e passa a ser orientado por profissionais de diversas áreas, de pilotos a jornalistas.
Paralelamente, cada carreira é direcionada de acordo com suas possibilidades. O tempo passa, e os resultados de pista acabam promovendo uma inevitável seleção natural. Quem está mal acaba cedendo sua fatia do bolo para quem está bem.
Com certeza, muito talento está sendo desperdiçado com tanto racionalismo. Explica-se, também, o sangue de barata de muito piloto que está por aí.
Vil, o mercantilismo do esporte não aguarda mais o surgimento espontâneo de grandes pilotos. É necessário fabricá-los.
No Brasil, não vejo nada de parecido acontecendo. Apenas atitudes isoladas, com um ou outro piloto, quase sempre movidas por relacionamentos de amizades ou pelos chamados "interesses pessoais".
E, do jeito que a coisa vai, o novo Senna só sairá de um esquema assim. Espere sentado.

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