São Paulo, sábado, 23 de novembro de 1996 |
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Festival escolhe a melhor maconha
MARCELO RUBENS PAIVA
Começa a "Nona Cannabis Cup Awards", encontro anual de produtores de maconha e fabricantes de apetrechos necessários para o consumo da mesma. Ao contrário do que se possa parecer à primeira vista, não se trata de um ato de desobediência civil de desordeiros maconheiros. Tudo segue os conformes da lei. A lembrar: diferentemente do Brasil, onde o usuário pode ser condenado a seis meses de detenção, a maconha e o haxixe são discriminalizados na Holanda, Alemanha, Espanha e outros países da Europa. Foi Steven Hager, o editor chefe da "High Times", revista norte-americana, quem, em 1987, idealizou o primeiro campeonato de maconha. Cardápios A cidade não poderia ser outra: Amsterdã, onde a droga é vendida em coffee shops, bares credenciados que têm a erva em seus cardápios. No início, o festival era restrito aos produtores de sementes. A partir do quarto encontro, os coffee shops, como os notórios Blue Bird e Free City, entraram na votação -um dos objetivos do encontro era eleger o melhor deles. Mas foi no ano de 1993 que o evento foi aberto ao grande público. A partir do sétimo festival, foram incluídas uma exposição de produtos feitos a partir do "hemp" (fibra derivada da cannabis) e a votação do melhor haxixe e da melhor maconha hidropônica (cultivada na água). No ano passado, o encontro contou com a participação de 21 coffee shops e teve o credenciamento de mais de 50 jornalistas. O Blue Bird ganhou a "Hash Cup", e o Sensi Seed Bank foi eleito o melhor produtor de sementes. Detalhes sobre o festival podem ser encontrados no site da "High Times" (http://www.hightimes.com). Shows e workshops Os participantes não terão a moleza que se espera de um encontro do gênero, nem fogueira ou violão para ficarem de papo pro ar, degustando baseados. "São 3 shows por dia, em vários palcos. O Planet abre o show de Murthis Loy, uma banda hardcore, no palco principal", disse à Folha Ronaldo Pereira, empresário da banda. Segundo Pereira, o convite partiu da revista "High Times". "Marcelo D2 (vocalista) esteve no festival do ano passado como jurado e divulgou a banda. Os organizadores gostaram, mas acharam o Planet meio violento. Eles preferem coisas leves, como Jerry Garcia. Explicamos que a repressão, no Brasil, é violenta", disse Pereira. Conexão espiritual Os participantes que têm uma conexão espiritual com a maconha estão convidados a frequentar workshops como meditação silenciosa, danças primitivas e batucadas. No dia 25, amostras grátis de maconha serão distribuídas aos convidados. Para julgar a melhor droga, os jurados devem experimentar não mais que cinco tipos de maconha por dia, tomando notas meticulosas da aparência, cheiro, gosto e efeito de cada uma -é importante atentar à clássica falta de memória de um usuário. Recomendações A organização do festival pede para os jurados não fumarem antes do café da manhã e avisa que o mais difícil é julgar o quesito efeito. Recomenda exercícios, muito líquido e comida saudável entre um baseado e outro. Pede-se, também, que os jurados não embarquem em outras substâncias que possam afetar o julgamento, como café, tabaco, álcool e drogas pesadas. Internet: http://www.hightimes.com Texto Anterior: Atores viram bonecos Próximo Texto: Militantes participam Índice |
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