São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996
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Estudantes têm perfil diferente

DE BUENOS AIRES

Os estudantes à distância fogem do protótipo do universitário médio, recém-saído do 2º grau, solteiro, morador de grandes centros que ensaia para sua vida adulta.
São, por exemplo, presos que querem aproveitar o tempo de suas penas para mudar de profissão. Ou jovens mães que não conseguem conciliar o horário de classe com a atenção à criança.
"Tenho uma menina de cinco anos e acho genial estudar em casa. Se pudesse, faria todo o curso de psicologia dessa maneira", afirma Karina Zanelli, 28, que mora no delta do rio do Prata, a 50 quilômetros do centro de Buenos Aires.
A faixa etária aumenta entre os universitários à distancia.
"Geralmente, são pessoas entre os 23 e os 45 anos. Já trabalham e sustentam a família, mas precisam estudar para progredir na vida", afirma Monica de Arteche, responsável pelos cursos à distância da Universidade Belgrano.
"Trabalho em um salão de beleza, mas consigo faço a faculdade de Comunicações por esse método", diz Rosita Flores, 23.
Nesses casos, o que motiva o aprendizado à distância são as horas de trabalho, os compromissos familiares ou as dificuldades de deslocamento dos estudantes.
Mas há também os apressados que utilizam o sistema para encurtar suas vidas acadêmicas.
"Quando estava no último ano do colegial, aproveitei o tempo livre e fiz duas matérias à distância que eram do primeiro ano da faculdade", diz Mario Oviedo, 18.
Na Argentina, não existe vestibular. Na maioria das faculdades, a seleção é feita mediante sorteio.
Anos 60
Além de facilitar o ensino às pessoas que não podiam assistir às aulas, o ensino à distância tinha o componente político de ajudar a esvaziar as universidades e os movimentos de estudantes.
No final dos 60 anos, surgiram em diversas cidades. O mais célebre de todos aconteceu em 1968, em Paris, onde a luta pela reforma da estrutura de ensino fez eclodir conflitos de rua.

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