São Paulo, domingo, 24 de novembro de 1996 |
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Doença no intestino tem diagnóstico lento
JAIRO BOUER
A doença, de causa ainda desconhecida, costuma levar vários meses para ser diagnosticada. Ela pode afetar pessoas em qualquer faixa etária e, frequentemente, aparece em membros da mesma família. O processo inflamatório "ataca" partes isoladas do intestino. O local mais comum das lesões é o íleo terminal -espécie de área de transição do intestino delgado para o intestino grosso. Mas outras partes do sistema digestivo, como o próprio intestino grosso e o reto, também podem estar afetadas. Schlioma Zaterka, gastroenterologista do Hospital das Clínicas da USP, diz que provavelmente há um componente auto-imune na doença, ou seja, o sistema imunológico passa a atacar o intestino da própria pessoa. A inflamação provoca fissuras no revestimento interno (mucosa) do intestino e pode levar ao aparecimento de fístulas (perfurações que formam verdadeiras passagens) entre as alças intestinais ou até entre o intestino e a pele. Como a maior parte das lesões acontece no intestino delgado (área de acesso mais complicado), o diagnóstico fica mais difícil. No intestino grosso, o médico utiliza um colonoscópio (aparelho flexível com uma fibra ótica, que é introduzido pelo ânus) para visualizar as áreas comprometidas e para retirar fragmentos de tecido para uma biópsia. No intestino delgado, o médico tem menos recursos. Um exame de raios X com contraste, com menor definição de imagens, é um dos instrumentos mais utilizados. Segundo Jaime Eizig, gastroenterologista do HC-USP, a doença, em geral, tem uma evolução bastante longa. Só em alguns casos, o problema aparece agudamente. Para Eizig, quando os sintomas aparecem, é mais comum que o médico pense em uma infecção intestinal ou em um problema funcional -quadro emocional que leva a alterações no funcionamento do sistema digestivo. Uma série de exames e alguns meses de espera são necessários até que se chegue a um diagnóstico conclusivo. "A doença de Crohn é crônica e, portanto, não existe cura, apenas possibilidade de controle, diz Adelmário Bastos, pós-graduando do grupo de intestino do HC-USP. A primeira tentativa de tratamento é feita com remédios que controlam a resposta inflamatória do organismo. O objetivo é controlar a progressão das lesões e evitar uma cirurgia. Texto Anterior: Bem-informado é alvo frequente Próximo Texto: Saiba mais sobre as inflamações do intestino Índice |
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