São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 1996
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Dornelles afirma que Maluf é o grande líder, não o dono do PPB

Ministro defende a reeleição e não quer convenção do partido

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Francisco Dornelles (Indústria e Comércio) quer evitar a realização da Convenção Nacional em que o PPB vai definir uma posição sobre a emenda da reeleição. Ele afirma que a convenção vai rachar o partido.
Favorável à reeleição, Dornelles enfrenta o prefeito Paulo Maluf e aconselha que ele desista de fechar questão no partido: "Maluf é o nosso grande líder. A única coisa que ele não é, é dono do partido".
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Folha - O senhor está liderando o grupo pró-reeleição no PPB?
Francisco Dornelles - Não estou discutindo reeleição. Não peço voto a favor ou contra. É a consciência de cada um. Principalmente no nosso partido, que é liberal, ninguém manda, e ninguém obedece. A minha preocupação é com o entendimento. Não procuro disputar com ninguém. É uma matéria constitucional, cada um vota com a sua consciência.
Folha - O sr. acha que a convenção deve ser adiada?
Dornelles - Deve-se procurar um entendimento. A convenção leva a um racha. Se decidir favoravelmente, muitos não vão acompanhar, e vice-versa. E o que vamos fazer com os dissidentes? Expulsar? O partido fica enfraquecido. Perde a oportunidade de fazer a presidência da Câmara.
Folha - O sr. defende que a convenção não seja realizada?
Dornelles - A Executiva do partido pode fazer uma moção recomendando o voto. Na convenção, há pessoas que querem jogar para a platéia. O partido está dividido entre os que querem o consenso e os que querem dividir o partido.
Folha - Os governadores do partido acompanham a sua posição?
Dornelles - Nunca conversei com eles nem com os deputados.
Folha - Quantos parlamentares estariam a favor da reeleição?
Dornelles - Não sei a posição deles, mas a maioria gostaria que a questão ficasse em aberto. O Maluf é o nosso grande líder. A única coisa que ele não é, é dono do partido. É o candidato a presidente da República, mas não é dono. O melhor para ele é não fechar questão, porque a convenção vai tomar uma decisão e ninguém vai obedecer.
Folha - O sr. defende a reeleição?
Dornelles - Votei a favor na revisão constitucional de 93. Pessoalmente, sou a favor, mas tenho de conversar com os prefeitos do partido. É preciso ver que não podemos misturar reeleição com eleição. Para mim, 97 seria o ano da consolidação do Real. Deveríamos dar uma folga eleitoral, viver um ano sem disputas políticas. A sucessão deveria começar em 98.

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