São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 1996
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DNA mantém enigma de Kaspar Hauser

Exame diz que menino não era nobre

DA "DPA"

Um exame de DNA, cujo resultado foi divulgado ontem na Alemanha, mostra que Kaspar Hauser não era herdeiro do trono de Baden, como se acreditava, e aumenta o mistério em torno de sua identidade.
A história de Hauser causou comoção na Alemanha do século passado. Ele foi encontrado vagando nas ruas de Nurembergue em 1828, aos 15 anos. Não entendia nada do que lhe diziam e conseguia apenas escrever o nome "Kaspar Hauser" e dizer a frase: "Quero ser um cavaleiro, como meu pai era".
Revelou depois que havia crescido trancado em uma cela, longe do convívio humano. Sob custódia, se tornou uma espécie de atração por sua incapacidade de convivência social.
A suspeita de que seria um herdeiro da nobreza surgiu por causa de sua semelhança com o grão-duque de Baden. Um jurista alemão apontou então que Kaspar Hauser era herdeiro do trono de Baden e havia sido confinado por causa de disputas palacianas.
Foi justamente essa suspeita, tida como muito provável, que foi revertida pela análise do material genético divulgada ontem. Dois institutos forenses da Alemanha compararam restos de sangue achados na cueca dele com o sangue de duas mulheres da dinastia de Baden, ainda vivas.
Ficou provado então que Kaspar Hauser não pertencia a essa linhagem -e o enigma foi retomado. A família do grão-duque, na época, negou que Kaspar Hauser tivesse algum direito de nobre.
Ele foi assassinado em dezembro de 1833, atraído para uma emboscada com a promessa de receber informação sobre seu nascimento. Lá, em vez disso, recebeu uma facada. Morreu três dias depois, já como um membro da alta sociedade européia da época.
A identidade de Kaspar Hauser gerou 2.000 livros e 15.000 ensaios, entre eles os de Rainer Maria Rilke, Klaus Mann e Peter Handke, e o filme "O Enigma de Kaspar Hauser" (Werner Herzog).

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