São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 1996
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Os limites da medicina; Provão; Destemperos verbais; Guerra química; Saúde em crise; Curvas assassinas; Barganha; Indignação; Engano

Os limites da medicina
"Em 1978, quando ainda era estudante de medicina e fã das concorridas autópsias realizadas pelo mestre e sábio patologista Walter E. Maffei, observei que naquele inverno era a segunda autópsia que seria realizada devido à morte de uma criança por sarampo.
O sarampo é causado por vírus, sendo evitável mediante simples imunização. Indignada, comentei com um colega e fui ouvida pelo professor Maffei, que rebateu: 'Vocês acham que podem controlar os vírus, as bactérias?'
Hoje tenho consciência dos nossos limites de controlar os vírus, as bactérias e agora os príons. Talvez um dos nossos futuros desafios já tenha mostrado sua face: a doença da vaca louca. Quanto ao vírus da Aids, infelizmente estamos longe de controlar a pandemia."
Maria Eugênia Lemos Fernandes, presidente da ASF -Associação Saúde de Família- e diretora do projeto Aidscap -Aids Prevention and Control Project (São Paulo, SP)

Provão
"O editorial de 7/11 defende a avaliação das universidades, alegando a adequação a um mundo mais competitivo. Acontece que esse mundo competitivo já aprendeu que a qualidade se faz em toda e cada etapa do processo. Medir a qualidade no fim do processo, e constatar tardiamente sua ineficiência, é assinar o atestado da própria.
Que trabalho de acompanhamento dos cursos e das universidades tem sido feito hoje? Existem correções de rumo? Se querem nos convencer e aos estudantes, mostrem por que chegaram à conclusão de que esse é, realmente, o melhor 'primeiro passo'."
Paulo M. Rossi (Rio de Janeiro, RJ)
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"As questões aplicadas no provão foram de um primarismo a toda prova. Pelo menos deu para avaliar o MEC."
Edmar Sa (Fortaleza, CE)
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"O editorial publicado na primeira página de 7/11 é uma lição de civismo que atinge com um tapa com luva de pelica a face daqueles que são contra o chamado provão."
Francisco Fernandes de Andrade (Guarulhos, SP)
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"O editorial 'Provão, primeiro passo' (7/11) é da maior transcendência sobre o polêmico assunto e reafirma a posição de verdadeira atalaia civil deste renomado jornal, sempre em defesa dos altos interesses do país."
Ciro Ludgero (Campinas, SP)
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"Não será por meio de submeter os alunos a esse tipo de segundo vestibular que melhoraremos a qualidade de ensino nas nossas universidades.
No meu entender, a implantação do chamado provão é medida inócua, envolvendo tempo e recursos desnecessários para se chegar à conclusão lógica do baixo padrão de qualidade do ensino superior atual no nosso país."
Arinos Xavier Tavares (Curitiba, PR)

Destemperos verbais
"É preciso concordar em gênero, número e grau com o editorial da Folha 'Destemperos verbais' (20/11) em sua conclusão impecável: 'O grau de maturidade que se espera da democracia brasileira não comporta destemperos verbais dessa natureza'.
É por isso que o prefeito Paulo Maluf apareceu calado, perante milhões de telespectadores, quando questionado sobre as grosserias que lhe tem sido dirigidas pelo ministro Sérgio Motta.
É um silêncio de respeito ao público, na expectativa de que o Supremo Tribunal Federal se pronuncie na queixa-crime por injúria, calúnia e difamação movida pelo prefeito Paulo Maluf contra um ministro cuja conduta é incompatível com o cargo que ocupa."
Adilson Laranjeira, assessor-chefe de imprensa da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)

Guerra química
"A reportagem 'Brasil afrouxa cerco sobre agrotóxico' (13/11) representa uma grande contribuição à formação da opinião pública sobre um dos maiores problemas do nosso país.
São milhões de trabalhadores rurais, incluindo jovens e crianças, que vêm sendo expostos aos dramáticos efeitos dessa verdadeira guerra química.
Parabéns à Folha pela coragem de tratar deste assunto sem baixar a cabeça aos tradicionais anunciantes de agrotóxicos e venenos e que sempre se apresentam à opinião dos cidadãos como produtores de 'defensivos'."
Sebastião Neves, secretário de formação da Contag -Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (São Paulo, SP)

Saúde em crise
"O crescimento de 2,1%, em setembro, do rendimento médio das pessoas ocupadas pode ser reflexo da queda da inflação, como aponta pesquisa Seade-Dieese. Mas o rendimento médio de R$ 835 infelizmente não se confirma na totalidade das categorias profissionais.
Os trabalhadores da saúde pública do Estado de São Paulo, por exemplo, estão há mais de dois anos com os seus salários congelados, sem ao menos a reposição inflacionária. O salário médio corresponde a 29,94% do anunciado pela pesquisa, ou seja, R$ 250."
Angelo D'Agostini Júnior, presidente do Sindsaúde -Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Curvas assassinas
"O imprevisível matou 98 pessoas no avião da TAM, porém o previsível mata mais: 7.000 pessoas (número do Ministério dos Transportes), devido exclusivamente a curvas de avenidas, ruas e estradas malconstruídas no país. Ou seja: mais de 70 Fokkers a cada ano!
Quando será que vai decolar a idéia de se fazer curvas como manda o figurino da engenharia, acabando-se com essa causa mortis em massa de crianças, jovens e adultos?"
Ardevan Machado (São Paulo, SP)

Barganha
"Tenho vergonha de ser brasileiro. Deputados, dito ruralistas, barganharam medidas que claramente melhoram a distribuição de renda neste país cheio de desigualdades. A quem servem estes senhores? Que país é este onde o interesse individual e corporativo se sobrepõe aos interesses nacionais?"
Oswaldo Luiz Guimarães (São Paulo, SP)

Indignação
"Fiquei indignado com as críticas ao CD da cantora Simone (19/11). Não consigo imaginar como alguém pode usar adjetivos como 'asquerosa e indigesta' para tecer críticas à obra de uma cantora da MPB."
Marcello Pimentel (São Paulo, SP)

Engano
"O professor Hélio Santos (20/11) engana-se ao jogar na vala comum a esquerda e a direita no contexto racial.
Compare o negro cubano e o negro brasileiro. A história está aí para testemunhar que essa burguesia elitista e conservadora é a única responsável pela discriminação, em todos os sentidos.
Os marujos negros Francisco Dias, João Cândido, Marcelino e o cabo Gregório, se vivos fossem, discordariam do professor. Eles apanharam de chibata, mas jamais beijaram a mão do capitão-do-mato."
Luiz Carlos Guimarães Brondi (Ribeirão Preto, SP)

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