São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
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Imposto de Pitta vai ser investigado

ROBERTO COSSO
DA "FT"

A procuradora da República Rose Santa Rosa requisitou ontem à Receita Federal investigação nas declarações de Imposto de Renda dos últimos cinco anos do prefeito eleito de São Paulo, Celso Pitta (PPB), e de sua mulher, Nicéa.
Rose alega que há "indícios de prática de crime de sonegação fiscal, uma vez que o mesmo (Pitta) estaria realizando despesas em montante superior às receitas".
Localizado no Hotel Maurice, onde está hospedado em Paris, Pitta disse estar "absolutamente tranquilo" de que está "em ordem com o Fisco".
Questionado sobre a suspeita de falta de receitas para cobrir suas despesas, o prefeito eleito afirmou que só comenta o assunto quando voltar de viagem.
A Receita tem prazo de 30 dias para encaminhar um relatório, ainda que preliminar, das investigações e cópias das últimas cinco declarações de Pitta e de Nicéa.
A revelação do suposto déficit orçamentário da família Pitta foi feita pela "FT" em sua edição do último dia 13 de novembro.
Segundo a declaração de Imposto de Renda individual de Pitta referente a 1995, ele recebeu R$ 28.414,00 de salário como secretário das Finanças da Prefeitura de São Paulo.
A declaração informa também que Nicéa teve um acréscimo patrimonial de R$ 33.229,66.
Além disso o casal recebeu R$ 4.500,00 pela venda de um Uno e R$ 13.500,00 pela venda de um Tempra. Somando-se outras fontes menores, como o 13º salário de Pitta e o fechamento de uma caderneta de poupança, a renda da família foi de R$ 83.502,26.
Os problemas de Pitta estão no quadro de despesas que ele declarou ter tido em 1995.
Apenas no pagamento do financiamento do apartamento de quatro quartos, nos Jardins, Pitta pagou R$ 19.557,83. O apartamento foi avaliado em R$ 400 mil.
Ainda em 95, com um salário que não chegava a R$ 2.500, Pitta comprou um Alfa Romeo 164 importado. Pagou naquele ano R$ 24.000,00 de financiamento.
No mesmo ano, Pitta comprou à vista um Corsa para a filha, Roberta, por R$ 14.625,00. Somando-se outras despesas, chega-se a R$ 64.732,63.
Assim, a diferença entre o que a família Pitta recebeu e gastou em 95 foi R$ 18.769,00, ou uma "sobra" de R$ 1.564,13 por mês.
Com esse dinheiro, o então secretário municipal teria de pagar todas as despesas pessoais da família, como condomínios dos dois apartamentos, salário das duas empregadas e de uma governanta, alimentação, escolas dos filhos, água, luz, telefone, combustível para quatro carros e outras despesas típicas de uma família de classe média alta paulistana.

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