São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
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Brasil deve tirar tropas de Angola

FHC ganha lenço de presente

GABRIELA WOLTHERS
ENVIADA ESPECIAL A ANGOLA

Na primeira visita de um presidente a tropas brasileiras no exterior, Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem em Kuíto, cidade a 600 km de Luanda, que a missão militar do Brasil em Angola está "praticamente concluída", mas que continuará a dar auxílio social e econômico ao país.
A saída das tropas brasileiras de Angola pode não ser o final da participação militar do Brasil na África. FHC disse que as Forças Armadas poderão ser enviadas para outro país do continente -o Zaire.
"Se houver a mesma disposição de Angola -pois o Brasil está em Angola porque Angola precisa e quer-, estamos dispostos a participar da ação no Zaire, Burundi e Ruanda", disse FHC.
O presidente ressaltou que o objetivo brasileiro não é reforçar sua presença militar na África, mas ajudar na consolidação da "democracia e da paz" no continente.
FHC visitou o 62º Batalhão de Infantaria e Batalhão de Paz brasileiro, instalado na capital da província de Bié, cidade completamente devastada pela guerra civil que atingiu Angola por 20 anos.
Militares brasileiros adotaram informalmente 15 crianças angolanas que perderam seus pais na guerra civil. As crianças têm entre 8 e 12 anos e moram no batalhão.
A disputa étnica entre hutus e tutsis transformou a região de fronteira entre Zaire, Burundi e Ruanda em uma zona de guerra.
Na sua estada em Kuíto, FHC pôde ver os estragos da guerra. Na avenida principal, não existe um só prédio ou casa que não esteja cravejado de balas.
O MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola) e a Unita (União para a Libertação Total de Angola) dividiram a cidade ao meio entre 1992 e 1994, período mais violento da guerra civil.
Os dois grupos tentaram avançar para o campo inimigo. O MPLA acabou vencendo a disputa.
O que mais impressionou o presidente foi a catedral da cidade, da qual só restam as paredes, mesmo assim parcialmente destruídas.
Apesar da destruição, a população de Kuíto recebeu FHC com festa. Uma criança colocou um lenço branco em volta do pescoço de FHC. Na tradição angolana, o lenço branco significa uma prova de amizade. O Brasil fez uma doação de US$ 200 mil ao país.

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