São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
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Só 1% do acerta teste de português do 2º grau

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Somente 1% dos alunos do 3º ano do 2º grau conseguiram responder corretamente às questões de português que exigiam comparação entre textos de naturezas diversas, estabelecimento de relações de causa e efeito e percepção de crítica, ironia e humor.
Em matemática, o resultado também ficou muito abaixo do esperado: só 3,7% conseguiram responder às questões que deveriam ser de conhecimento de quem está concluindo o 2º grau.
Analisando o desempenho por região, os alunos de 2º grau do Centro-Oeste são os que se saíram menos mal: 1,5% deles conseguiram responder às questões de análise de texto consideradas mais complexas (como ler poesias ou manuais de informática), e 7%, às de matemática (cálculo da área de figuras geométricas, logaritmo e sistemas de 1º grau, entre outros).
Em seguida, vêm os do Sudeste: 4% conseguiram responder às questões de matemática, e 1%, às de português. Os alunos do Norte tiveram o pior desempenho: só 0,5% dos avaliados responderam às questões de português, e 1%, às de matemática.
Os nordestinos que estão concluindo o 2º grau também foram mal: 98% não conseguiram responder às perguntas de matemática e 99,5% não souberam fazer as de português.
Velhos e cansados
Para o MEC, duas das principais causas do péssimo desempenho dos alunos do 2º grau são que 66% deles estudam à noite e 60% são maiores de 18 anos.
Em todas as regiões, o desempenho médio dos alunos do período noturno é inferior ao daqueles que estudam durante o dia, tanto em português quanto em matemática.
"Eles chegam às escolas velhos, porque já repetiram muitas vezes. E cansados, porque trabalham durante o dia e só podem estudar à noite. Assim, é muito difícil conseguir bons resultados", afirmou Maria Helena Guimarães, secretária de Avaliação e Informação Educacional do MEC.
O Nordeste é a região que tem os alunos de 2º grau "mais velhos" do país: 87% têm mais de 18 anos.
"Não é de estranhar que os estudantes de 2º grau no Nordeste tenham o segundo pior desempenho do Brasil, perdendo apenas para os da região Norte."
O relatório do Saeb aponta ainda uma "conivência" dos professores de 2º grau com os alunos que estudam à noite -o que permitiria que eles fossem aprovados com desempenho insatisfatório.
Os alunos que repetiram o ano mais de uma vez tiveram desempenho bastante inferior aos colegas de série que estão na idade apropriada.
Segundo Maria Helena, ficou provado que "não adianta nada" reprovar quem não obtém o resultado esperado para a série.
Para ela, as chances de recuperação desses reprovados serão mínimas. Quanto mais velhos os alunos em relação ao resto da turma, pior foi o desempenho nos testes.
Uma das saídas para evitar a manutenção dos índices de repetência, na avaliação do MEC, é dar reforço aos estudantes em dificuldade ainda durante o ano letivo.
Hoje, apenas 50 de cada 100 alunos que entram na 1ª série chegam ao fim do ginásio.

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