São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Laboratórios interrompem as pesquisas

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Os laboratórios oficiais que suspenderam o fornecimento de medicamentos para o Ministério da Saúde por falta de pagamento estão paralisando as pesquisas de novos produtos e reduzindo o quadro de funcionários.
Segundo o presidente da Alfob (Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil), Antonio José Alves, o governo deve desde setembro R$ 48 milhões.
Por causa da dívida, disse Alves, um dos maiores fornecedores de medicamentos do governo, o Lafepe (Laboratório Farmacêutico de Pernambuco), trabalha hoje com 20% de sua capacidade.
O laboratório, afirmou, foi obrigado a não renovar os contratos de 50 funcionários temporários e pode conceder férias coletivas em dezembro aos 613 servidores.
Os outros 11 laboratórios que produzem medicamentos para o governo passam por dificuldades semelhantes, disse Alves.
As 12 indústrias que atendem o ministério fabricam 52 tipos diferentes de remédios para a rede pública, entre eles o AZT, para portadores do vírus da Aids.
Com a crise gerada pela inadimplência do governo, laboratórios que investiram em pesquisas de medicamentos não sabem o que fazer com os remédios já fabricados para atender a rede pública e que não foram pagos.
É o caso do Lafepe, que investiu R$ 500 mil no desenvolvimento do Ganciclovir, produto que combate o citomegalovírus, causador de cegueira em doentes com Aids.
O medicamento, só fabricado até agora pelos EUA, seria entregue por preço "40% inferior ao importado", disse Alves.
"Só vão resolver quando começar a morrer gente por falta de remédio. Aí, o dinheiro aparece."
Alves confirmou ontem que o laboratório paulista Furp (Fundação para o Remédio Popular) não paralisou sua produção.
Na semana passada, Alves havia dito que os 12 integrantes da Alfob interromperiam sua produção até que o Ministério da Saúde pagasse a dívida de R$ 48 milhões com o setor, vencida em setembro.
"São Paulo é diferente do resto do Brasil. O governo estadual financia o ministério", disse.
Segundo a assessoria de imprensa do ministério, um pedido de suplementação de verba foi enviado para o Tesouro Nacional. O ministério espera para hoje a resposta.
"Até o fim da semana espero que a situação seja resolvida", afirmou Alves. Ele negou que a verba necessária seja suplementar. "Os gastos com remédios já estavam previstos no Orçamento."
Alves, que também dirige o Lafepe (Laboratório Farmacêutico de Pernambuco), disse que o governo economiza R$ 160 milhões ao comprar medicamentos dos laboratórios oficiais.

Texto Anterior: Campinas registra o menor número de mortes em 7 anos
Próximo Texto: Cai número de mortes em Campinas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.