São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
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Mortes de bebês sobem no MA

IRINEU MACHADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

O percentual de mortes de bebês no Hospital Universitário Materno-Infantil, em São Luís (MA), aumenta desde 93, embora o número total de partos esteja diminuindo. O hospital tem a única maternidade pública para gestações de alto risco no Maranhão.
Nos 7.954 partos feitos em 93 na maternidade, 5,44% dos bebês morreram. O índice de mortalidade de recém-nascidos subiu para 6,45% em 1994, 6,89% em 1995 e 7,8% entre janeiro e agosto deste ano, quando houve 3.724 partos.
Os números incluem mortes classificadas como neomortalidade (morte nos primeiros 28 dias de vida) e natimortalidade (morte do feto, antes do nascimento).
A direção do hospital responsabiliza o governo federal pelo "sucateamento". "Com a extinção do Inamps (no governo Collor, em 1991), a situação ficou cada vez pior. O SUS paga R$ 2,40 por consulta", disse a diretora Terezinha Abreu.
"Os repasses do SUS estão em torno de R$ 800 mil para todo o Hospital Universitário. Isso dá só para pagar o pessoal."
O número de médicos do hospital em 1991 era 353. Hoje, há 347 médicos para um total de 440 leitos e para 30 mil consultas por mês.
O hospital registrou recorde de mortes de bebês em julho. Naquele mês, 30 bebês morreram nos primeiros 28 dias de vida e outros 31 morreram antes do parto -10,7% do total de partos do mês (577).
O hospital admitiu anteontem que quatro das mortes de recém-nascidos em julho ocorreram por infecção hospitalar e registrou 23 mortes por infecção hospitalar entre janeiro e julho. Há 12 leitos na UTI neonatal que chega a atender 22 bebês simultaneamente.
"Todos nós somos culpados. A culpa é de todo o sistema de saúde, que está em fase de reformulação", disse o secretário estadual da Saúde, Marival Lobão, 56, que considera "normal" o índice de mortes no hospital.
"Muitos bebês chegam lá praticamente sem vida e, às vezes, a mãe não tem a assistência devida ou é subnutrida." Lobão disse que os recursos do SUS são "insuficientes". Segundo ele, serão inaugurados entre fevereiro e meados do ano que vem obras de ampliação em oito hospitais públicos da capital e do interior, que serão "praticamente transformados em maternidades". Só um destes hospitais terá UTI neonatal, em São Luís, com 20 leitos.

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