São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
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Mortalidade cai em Belém

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O índice de mortalidade de bebês na maternidade da Santa Casa de Misericórdia do Pará, a principal de Belém, caiu em relação a 95, mas se mantém elevado -91 mortes em cada 1.000 nascidos.
No ano passado, o número de mortes de bebês na Santa Casa chegou a 115 mortos por 1.000 nascidos -superior aos 106,5 mortos por 1.000 nascidos registrado desde o início de novembro no hospital-escola Assis Chateaubriand, em Fortaleza (CE).
A Santa Casa é um hospital de referência mantido pelo Estado e desenvolve programas de residência médica. Em média, a maternidade realiza mensalmente 470 partos.
Os dados da maternidade, totalizados até outubro, apontam 4.731 partos na Santa Casa com 387 mortes de bebês (167 nasceram mortos). Isso dá uma média de 81 mortes por 1.000 partos.
Os números chegam à média de 91 por 1.000 quando são considerados bebês trazidos de outros postos de saúde, clínicas e hospitais.
Como as crianças já chegam doentes, os dados são assustadores -até outubro, foram 80 mortes em 346 bebês externos -um índice de 220 mortes por 1.000 bebês.
Falência
Principal referência na área em Belém, o hospital recebe todo o tipo de complicação pós-parto. "Metade dos bebês morre nas primeiras 48 horas", disse a coordenadora assistencial da Santa Casa, a médica Rosângela Monteiro.
"O problema é a falência do sistema de saúde, que se reflete na carência de hospitais públicos, clínicas conveniadas mal equipadas, falta de acompanhamento pré-natal nas gestantes e berçários superlotados, como o nosso", disse a médica Rosângela Monteiro.
Infecção hospitalar
Outro dado preocupante é o índice de 27% de infecção hospitalar. Por esses números, da própria maternidade, uma em cada quatro crianças é contaminada.
"Essa não é a principal causa de morte", disse a diretora. "O índice está pouco acima do limite de 25% estipulado pela Comissão Estadual de Infecção Hospitalar", afirmou.
Para a diretora, o principal problema são os partos de risco. Há elevado número de gestantes adolescentes e o índice de bebês prematuros chega a 20%. Ela aponta ainda anomalias congênitas e, depois, as infecções como causas das mortes dos bebês.

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