São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
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Bancos e lojas vão disputar o 13º salário

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A disputa entre gerentes de bancos, lojistas e cobradores para pegar as sobras do 13º salário vai ser acirrada neste final de ano.
O comércio paulista acredita que boa parte da primeira parcela, que será paga até sexta-feira, já está comprometida com a emissão de cheques pré-datados.
Os lojistas só contam agora com a segunda metade, que vai para o bolso do consumidor até o dia 20 de dezembro.
A expectativa é que essa parcela será destinada ao consumo somente nas proximidades do Natal -ou seja, as compras serão de última hora.
Ainda assim, há dúvidas sobre quanto desse montante será depositado nas cadernetas de poupança, que terão boa rentabilidade em dezembro.
Levantamento da Federação do Comércio do Estado de São Paulo mostra que os lojistas não contam com a primeira parcela do 13º salário para alavancar vendas.
Pela pesquisa, feita com 90 lojistas da capital paulista, a sensação é de que, além de os consumidores se sentirem atraídos pelas cadernetas de poupança, eles vão usar o dinheiro extra para pagar dívidas.
A inadimplência (atraso no pagamento de carnês) chega a representar 5% do faturamento total de algumas lojas consultadas -especialmente de vestuário e calçados, informa Mônica Hage, economista da federação.
Formas de pagamento
Os cheques pré-datados, conta ela, chegam a representar 36% do faturamento das lojas. Os cartões de crédito entram com 25%, a venda à vista com 33%, e o crediário das financeiras, com 6%.
Lojistas do interior paulista estimam que de 10% a 15% do 13º salário já está comprometido. Na mesma época do ano passado, esse comprometimento era de 5% a 10%, diz Antônio Vicente Golfeto, assessor da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto.
"O 13º salário sempre contribui para aumentar as vendas, mas acreditamos que neste ano não será nada extraordinário", diz Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo.
A procura pelo crediário -medida pelo número de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito-, conta ele, aumentou 2,9% do dia 1º a 23 deste mês sobre igual período do ano passado.
A venda à vista -medida pelo número de consultas ao Telecheque- cresceu 5,7% no período.
"Isso mostra que o lojista pode estar mais cauteloso na hora de liberar o crédito e está efetuando mais venda à vista", afirma o economista da associação.

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