São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
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Nuzman põe fim à euforia do Rio 2004

COB pede verba e pé no chão

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Menos de duas horas depois de a missão do COI (Comitê Olímpico Internacional) deixar o Rio, o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, fez ontem uma cobrança pública e críticas implícitas ao Comitê Rio 2004.
Nuzman fez as declarações em entrevista coletiva ao lado do presidente do Rio 2004, Ronaldo Cezar Coelho, que trocou os sorrisos por surpresa e constrangimento.
O dirigente do COB revelou a necessidade de um acordo comercial (entre sua entidade e o Rio 2004) e condenou o que considera euforia, provocada pela manifestação de milhares de pessoas, anteontem, pela candidatura carioca para abrigar a Olimpíada de 2004.
"Já mencionei que precisamos de um documento sobre o acordo de marketing, mas nunca tratamos do assunto. Foi uma exigência deles (da missão do COI). Precisamos conversar."
O acordo de marketing é um contrato exigido pelo COI em que o comitê organizador da Olimpíada de uma cidade se compromete a financiar o comitê olímpico nacional para treinar atletas.
No caso do Brasil, o Comitê Rio 2004, caso vença a concorrência, entregará ao COB uma verba para treinamento.
Pelo contrato, o COB se comprometeria a não ter patrocinador concorrente dos patrocinadores oficiais que o Rio 2004 terá se a cidade vier a abrigar os Jogos.
Exemplo
Nuzman citou o exemplo de Sydney, cidade australiana onde ocorrerá a Olimpíada de 2000.
Lá, de acordo com o dirigente, os patrocínios vão todos para o Comitê Organizador dos Jogos.
Este paga, anualmente, até o ano 2000, US$ 60 milhões para o Comitê Olímpico da Austrália preparar uma superequipe de atletas.
Até março, o Comitê Rio 2004 precisa enviar uma carta de intenções ao COI sobre marketing.
É uma providência para evitar, depois de a cidade ser eleita, uma crise com o comitê olímpico nacional. Ronaldo Cezar Coelho disse que já está pesquisando acordos feitos em outras Olimpíadas para apresentar uma proposta ao COB.
Festa
Depois de Cezar Coelho discursar entusiasmado com a visita da comissão do COI que avaliou a candidatura do Rio, Nuzman disse, numa crítica implícita:
"Que não vivamos mais a euforia de domingo. É preciso ter os pés no chão. No Brasil, vivemos de euforia breve, como a do Réveillon e a do Carnaval. Empolgação popular é importante, mas não basta para ganhar a Olimpíada."

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