São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996 |
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Sinta a liga
JUCA KFOURI Já dá para sentir como nascerá a mais que necessária, e já tardia, Liga Nacional de clubes de futebol.De um lado, legítimo, para não ter de honrar os maus contratos feitos por dona CBF com a TV. De outro, imoral, para manter o Fluminense entre os grandes no que viria a ser um novo campeonato -sem compromissos, portanto, com este (des)organizado por dona CBF. Nascerá, portanto, sob o signo da falta de credibilidade que o torcedor empresta às coisas do futebol não é de hoje e que fez, só na derradeira rodada, o Flamengo jogar para 736 pagantes, o Corinthians, para 352, e o Vasco, para 486. Tudo porque os profissionais ainda passam longe desse negócio extraordinário chamado futebol brasileiro, e os que se locupletam resistem desesperadamente à modernização que pode demorar, mas virá. Só que dona CBF e seus exploradores resistem e, como uma senhora despudorada, não têm pruridos em expor suas intimidades lavando sua roupa, até as de baixo, em público. * Tanto que tentam, por meio de notas plantadas na imprensa, derrubar Pelé do governo. Tudo porque o ministro quer apresentar, em 1997, uma lei que, entre outras inovações, obriga os clubes a se transformar em empresas. Seus adversários temem a profissionalização como uma dama virtuosa teme o pecado e aproveitam um momento de fragilidade do ministro para tentar derrubá-lo. Por não estar acostumado às frituras de Brasília, Pelé abriu flancos ao se voltar para seus problemas familiares recentes -nascimento de seus filhos prematuros e morte do pai- e ao tomar conhecimento de denúncias sobre irregularidades na gestão do Indesp -para as quais pediu, por escrito, imediata auditoria ao secretário-geral da Presidência da República, Eduardo Jorge. De luto, não só deixou de acompanhar FHC à África, como não foi recepcionar os membros do COI que vieram ver a candidatura Rio-2004. Senhas mais que suficientes para estimular a onda em curso. O único fato é que Pelé não está pensando ainda no alívio que sentiria se deixasse o ministério e permanece disposto a enfrentar a guerra. Aliás, quem o conhece sabe que ele adora um desafio e que a sua luta, embora pareça fora de moda, é a da virtude contra a falta de vergonha. Texto Anterior: Os confrontos na segunda fase do Brasileiro Próximo Texto: Renato luta para quebrar regulamento do Brasileiro Índice |
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