São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
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Promotora italiana pede juízo de premiê

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A promotora Giuseppa Geremia pediu que o primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi, 57, seja processado por abuso de poder e por conflito de interesses.
Segundo o pedido de acusação formulado por ela, o premiê teria privilegiado o consórcio Fisvi na venda de uma das unidades da empresa de que era presidente, a IRI.
Além de Prodi, outros cinco membros do Instituto para a Reconstrução Industrial (IRI, a estatal que é o maior grupo da Itália) estão envolvidos na venda da empresa alimentícia Cirio para o Instituto Financeiro para o Desenvolvimento das Economias Locais, o Fisvi, em outubro de 1993.
"A acusação certamente não coloca a minha honestidade pessoal em risco", afirmou o premiê durante visita a Udine (nordeste).
Prodi foi depois recebido na cidade de Trieste aos gritos de "ladrão" e "vá para a prisão".
A recomendação para o processo contra Prodi deve ser revisto por um juiz, Edoardo Landi, que decidirá se vai acusar formalmente os suspeitos e pedir um julgamento.
Landi pode também arquivar o caso ou pedir novas investigações. A data da audiência do juiz não foi divulgada. Prodi pode ser condenado a até cinco anos de prisão.
O requerimento para a acusação de Prodi ocorreu no dia da realização de sua maior vitória desde que assumiu o cargo, em maio.
Depois de quatro anos fora do Sistema Monetário Europeu (mecanismo que fixa a variação do câmbio em 15%), a lira voltou. Com a notícia, caiu em relação ao marco alemão.
Prodi é um economista que entrou na política apenas em 1995, depois de ser presidente da holding (empresa constituída das ações de outras) estatal IRI de 1982 a 1989 e novamente de 1993 a 1994.
A investigação de Geremia sobre a venda da Cirio, parte de uma onda de privatização iniciada por Prodi, começou em fevereiro, depois da reclamação de um pequeno acionista e de questionamentos no Parlamento feitos pelo partido direitista Aliança Nacional.
O Pólo da Liberdade, grupo de oposição de centro-direita, disse que não vai se aproveitar do fato.
"Como você pode ver, esses episódios atingem qualquer um hoje em dia", disse o líder do grupo, Silvio Berlusconi, que está sendo julgado por dois casos de corrupção.
Segundo as agências de notícias italianas "Ansa" e "AGI", a investigação concluiu que a Fisvi, um consórcio de cooperativas, banqueiros e executivos do sul italiano, tinha tido uma "vantagem injusta" na compra como resultado da ação dos diretores da IRI.
A Fisvi comprou 62% da Cirio pelo equivalente a US$ 206 milhões, mas já vendeu a empresa.
Geremia interrogou Prodi em março passado. Na época, ele disse que a venda tinha sido correta.

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