São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 1996
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Greve de caminhoneiros paralisa a França

BETINA BERNARDES
DE PARIS

A greve de caminhoneiros na França paralisa as estradas de praticamente todo o país e começa a provocar racionamento de combustível.
Essa é a maior greve desde a registrada nos meses de novembro e dezembro do ano passado. As principais centrais sindicais do país querem estender o movimento a outras categorias.
A greve de caminhoneiros entrou ontem em sua segunda semana. Eles reivindicam melhores condições de trabalho, aposentadoria aos 55 anos (em vez dos atuais 60), diminuição do tempo de trabalho sem perda salarial e o pagamento efetivo das horas passadas fora de casa.
Na noite de domingo, havia 64 bloqueios nas estradas francesas. Ontem, o número pulou para 180. Os caminhoneiros ameaçavam, desde o início da greve, "marchar" sobre Paris caso suas reivindicações não fossem atendidas.
Ontem, eles cumpriram parcialmente a ameaça, bloqueando por três horas, com cerca de 200 caminhões, a estrada A-1, que liga Paris a Lille, perto do acesso ao aeroporto Charles de Gaulle.
No norte e no leste do país, o movimento também ganhou adesões. Diversas barreiras de caminhões paralisaram o tráfego em direção à Alemanha.
O acesso ao terminal que permite cruzar o canal da Mancha em balsas está bloqueado, assim como a saída de várias refinarias.
Em Vaucluse e Gard, no sul da França, 80% dos postos de gasolina estavam sem combustível. O governo local colocou em ação um plano de racionamento.
Só profissionais da saúde, transportes escolares e carros de serviços essenciais eram abastecidos.
Governo impopular
A greve acontece em um momento difícil para o governo francês. A popularidade do presidente Jacques Chirac e do primeiro-ministro Alain Juppé não pára de cair. Segundo pesquisa publicada no domingo, Chirac contava com 27% de aprovação, enquanto apenas 20% da população francesa se dizia satisfeita com Juppé. Por outro lado, 74% apóia a greve.
Ontem pela manhã, sindicatos de caminhoneiros e representantes dos patronatos encerraram 14 horas de negociações, iniciadas na noite de domingo, sem resultados.
Às 17h45 (14h45 em Brasília), começou uma nova rodada, que não havia terminado até as 21h (18h).
A CGT (Confederação Geral do Trabalho) convocou uma "jornada nacional de ação" para amanhã. A central quer mobilizar outras categorias.
Marc Blondel, líder da FO (Força Operária), disse que, se não houvesse acordo até hoje, ferroviários e aeroviários seriam convocados a aderir à greve.

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