São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 1996
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Maluf usa comissão de FHC para se lançar candidato

DENISE MADUEÑO
DANIEL BRAMATTI

DENISE MADUEÑO; DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Prefeito critica o governo e apresenta plataforma à Presidência

O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPB), transformou seu depoimento à comissão especial que analisa a emenda da reeleição na Câmara em palco de lançamento da sua candidatura à Presidência da República.
Maluf atacou o governo, elegendo o presidente Fernando Henrique Cardoso como seu principal adversário, e até apresentou uma plataforma de candidato.
Propôs transformar o Nordeste em "Califórnia brasileira", assentar "verdadeiramente" os sem-terra e ainda construir a rodovia Cuiabá-Santarém.
"Não perdi as esperanças nem pendurei as chuteiras", disse Maluf, ao concluir seu discurso.
Sobre a reeleição, afirmou ser favorável, mas apenas para os próximos governantes. Questionado sobre sua mudança de posição, já que chegou a defender publicamente a reeleição para os atuais ocupantes de cargos, Maluf tentou negar suas declarações.
"Neutro" em 95
Em resposta ao deputado José Genoino (PT-SP), ele disse que, em abril de 1995, era "neutro" em relação à reeleição. Depois, disse que em momento algum foi favorável à proposta.
"Foi o presidente (FHC) quem me pediu (apoio). Ele disse que convocaria o Congresso (em dezembro de 1995) e colocaria o assunto em pauta, mas não colocou e o assunto morreu", afirmou.
Boa parte do depoimento foi dedicada a atacar o governo FHC. Maluf criticou o Proer (programa de socorro aos bancos), a falta de empenho nas reformas administrativa, tributária e fiscal e a prioridade que o governo dá à emenda da reeleição.
"O país está paralisado, pagando um dos mais altos preços que se pagam para tentar satisfazer o egocentrismo de um cidadão", disse.
Defensor da democracia
Maluf -ex-integrante da Arena e PDS, partidos que deram sustentação aos governos militares- fez um discurso como grande defensor da democracia, criticando o uso de MPs (medidas provisórias) por Fernando Henrique.
"Por meio dessas medidas provisórias, adotadas sem limitações, o presidente exerce o governo de maneira unipessoal e ditatorial."
Maluf argumentou que, com a manutenção das MPs, a aprovação da reeleição serviria para "reeleger um ditador".
O prefeito foi preparado para a comissão: citou parlamentares da base governista que, na revisão constitucional, votaram contra a reeleição.
Governistas
Entre eles, o senador José Serra (PSDB-SP), o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), e o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE).
Maluf teve o cuidado de pegar cópia da declaração de voto de Serra, em que ele considerava "casuística" a alteração no texto da Constituição.
Na comissão, Maluf encontrou um cenário favorável ao seu desempenho de candidato.
O cientista político Paulo Kramer, também convidado para depor, chegou a afirmar que a maioria dos eleitores de São Paulo queria reeleger Maluf ao optar por Celso Pitta (PPB).

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