São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 1996
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Classes D/E diminuem 17% e A/B crescem 21%

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde 1995, houve uma redução de 17% no tamanho das classes D/E e um aumento de 21% nas classes A/B. Essa transformação no perfil socioeconômico brasileiro foi captada pelo Datafolha em suas pesquisas nacionais.
Até 95, 47% da população brasileira estava classificada nas classes D/E. São pessoas que, em geral, não completaram o 1º grau, não possuem máquina de lavar roupa, nem aspirador de pó.
Em 96, essa fatia da população foi reduzida a 39% dos brasileiros. A classe C oscilou de 34% para 35% e as classes A/B aumentaram sua participação de 19% para 23% da população.
Essas transformações são a segunda fase do Plano Real. Num primeiro momento, houve uma explosão de demanda das pessoas de baixa renda, que deixaram de adquirir apenas o essencial à subsistência para consumir de fato.
Como boa parte das compras foi de eletrodomésticos que contam pontos nos rankings de classificação social, parte desses consumidores emergentes migrou de faixa. Uns passaram das D/E para C, outros, da C para as A/B.
Entre setembro de 93 e setembro de 95, órgãos do governo calcularam que os pobres brasileiros passaram de 43 milhões para 30 milhões. Na média, são pessoas que passaram a ter renda familiar "per capita" (rendimento total dividido pelo número de pessoas da família) maior do que R$ 86.
Pesquisadora do Ipea, a economista Sonia Rocha calcula que os mais pobres tiveram um ganho médio de renda de cerca de 28% apenas com a queda da inflação de 40% para 1% ao mês.
Esse foi o combustível que incendiou as vendas de aparelhos eletroeletrônicos, por exemplo.
Na média, os Estados do Sudeste apresentaram o maior crescimento de renda familiar "per capita". Ela passou de R$ 287, em 93, para R$ 347, em 95 -um aumento de 21%. O principal destaque foi o Espírito Santo: 29%.
A seguir aparecem as regiões Sul e Norte, ambas com um aumento de renda de 16%. No Sul, Santa Catarina cresceu 27%, bem mais do que Paraná e Rio Grande do Sul. Com isso, os catarinenses ultrapassaram os gaúchos em renda "per capita" familiar.
No Norte, segundo os autores do Atlas Regional das Desigualdades, as grandes variações de Roraima (36%) e Rondônia (41%) devem-se mais a problema da amostra usada do que a um crescimento efetivo da renda.
Nordeste e Centro-Oeste apresentaram as menores taxas de crescimento regional graças, em parte, às desigualdades entre os Estados da própria região.
Enquanto o Distrito Federal (campeão nacional de renda familiar "per capita", com R$ 504 por mês) se beneficiou de um aumento de 19%, os vizinhos goianos viram sua renda cair 1%.
(JRT)

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