São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 1996
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O documentário está vivo

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A AMSTERDÃ

Amsterdã celebra a partir de amanhã a décima edição do Festival Internacional de Documentários.
Numa década, uma pequena mostra de um gênero em crise tornou-se um das principais vitrines mundiais de uma arte em ebulição.
Até o próximo dia 6, o estado das coisas na produção documental, em cinema e em vídeo, será radiografada em competições, mostras especiais e num fórum para novos projetos.
O coração do evento é a disputa pelo Prêmio Joris Ivens de melhor filme documentário do ano.
Em 1995, a vitória foi do francês Raymond Depardon, com "Delitos Flagrantes", curiosamente mais uma vez no páreo neste ano (ler quadro abaixo).
Cerca de 25 produções de 13 países foram selecionados. A Holanda anfitriã e os EUA emplacaram o maior número de concorrentes (quatro cada), seguidos da Alemanha (três).
Eurocentrismo
O único concorrente latino-americano é o argentino "Caçadores de Utopias", de David Blaustein, pioneiro balanço da atuação política dos Montoneros.
Ásia e África são tema de vários concorrentes, mas infelizmente não tiveram qualquer produção própria escolhida. O eurocentrismo (18 dos 25) mais uma vez se impôs na seleção.
O júri internacional será formado pela diretora russa Marina Goldovskaya ("A Casa da Rua Arbat"), pela produtora holandesa Anne Lordon, pelo diretor dinamarquês Torben Skjodt Jensen ("Carl T. Dreyer - Meu Métier), pelo crítico e produtor britânico Nick Fraser (BBC) e por este articulista.
Brasil
O documentário brasileiro, que reconquistou fôlego nesta segunda metade dos anos 90, não participa da competição, mas marca presença nas mostras paralelas. O ciclo Plataforma apresenta quatro títulos nacionais: o longa "Todos os Corações do Mundo", de Murilo Salles, e os curtas "Socorro Nobre", de Walter Salles Jr., "Um Poquito de Água", de Camilo Tavares e Francisco "Zapata" e "Vala Comum", de João Godoy, que vai a Amsterdã conferir a projeção de seu filme.
Foram todos selecionados a partir da viagem ao Brasil da diretora do festival, Ally Derks, em abril último.
A quinta brasileira selecionada é Maria Augusta Ramos, jovem realizadora radicada na Holanda. Seu segundo filme, "Brasília: Uma Dia em Fevereiro", é um retrato fragmentário da capital da República a partir de três personagens centrais: uma estudante, uma esposa de diplomata e um vendedor.
Ramos participa da mostra de revelações internacionais.
Vídeo
A mostra competitiva de vídeos é ainda mais restrita que a de filmes. Foram selecionados apenas 16 títulos de 11 países.
Entre os principais concorrentes ao Lobo de Prata estão o britânico Isaac Julien, o dinamarquês Jon Bang Carlsen (veja texto ao lado) e o alemão Werner Herzog. No ano passado, o vencedor foi o israelense Amit Goren com "6 Abertos, 21 Fechados".

O crítico Amir Labaki viaja a Amsterdã como membro do júri internacional.

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