São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 1996 |
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UMA CARTA INÉDITA "Minhas queridas discipulas, desejo-lhes, com um fiel cumprimento dos meus conselhos, inummeras e desdobradas volupias com o animal macho a que a Egreja ou o Estado as tiver atado pelo ventre e pelo appelido. É fincando os pés no solo que a ave desprende o vôo. Que esta imagem, minhas filhas, vos seja a perpetua lembrança do unico mandamento spiritual. Ser uma cocotte, cheia de todos os modos de vicios, sem trahir o marido, nem sequer com um olhar -a volupia é isto, se souberdes conseguil-o. Ser cocotte para dentro, trahir o marido para dentro, stal-o trahindo nos abraços que lhe daes, não ser para elle o sentido do beijo que lhe daes -oh mulheres superiores, ó minhas mysteriosas Cerebraes - a volupia é isso. Porque não aconselho eu isto aos homens tambem?... Porque o Homem é outra especie de ente. Se é inferior, recomendo-lhe que use de quantas mulheres puder: faça isso e sirva-se do seu desprezo quando (ilegível). E o homem superior não tem necessidade de nenhuma mulher. Não precisa da posse sexual para a sua volupia. Ora a mulher, mesmo a superior, não acceita isto: a mulher é essencialmente sexual." Carta inédita de Fernando Pessoa, com destinatário fictício, recolhida por Manuela Pereira da Silva. Texto Anterior: Inéditos de Fernando Pessoa são lançados em Portugal Próximo Texto: Livro "Os 101 Dálmatas" exibe mundo pelos olhos dos cães Índice |
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